Cartoonista português vence concurso internacional sobre trabalho forçado promovido pela OIT

Três cartoonistas de Portugal, do Uzbequistão e da Turquia venceram um concurso internacional de cartoon que pretende sensibilizar para a problemática da escravatura moderna. 

Para assinalar o Dia Mundial contra o Tráfico de Seres Humanos, a Organização Internacional do Trabalho e a ONG Recursos Humanos sem Fronteiras promoveram este concurso internacional de cartoon sobre trabalho forçado. Os vencedores foram selecionados por um painel de juízes e pelo público, entre 460 participações de cartoonistas de 65 países, que responderam ao desafio “E se o seu lápis fosse uma ferramenta contra o trabalho forçado?   

O concurso foi organizado pela OIT e pela ONG Recursos Humanos Sem Fronteiras (RHSF), em parceria com a Associação Cartooning for Peace. O concurso originou cartoons muito diferentes, com mensagens poderosas encorajando a reflexão.  

“O trabalho forçado é um assunto complexo”, afirmou Philippe Vanhuynegem, Responsável do Departamento Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho da OIT, “algumas imagens estereotipadas, tais como correntes e bolas, são frequentemente utilizadas para representar a escravatura moderna. Contudo, atualmente, os mecanismos através dos quais uma pessoa pode ser coagida a trabalhar podem ser muito mais subtis, através do engano, confisco de passaportes, retenção de salários, manipulação de dívidas. Estas caricaturas desafiam as perceções do trabalho forçado”. 

O painel de juízes era composto por especialistas da parceria Aliança 8.7 contra o trabalho forçado e o trabalho infantil, ativistas e antigas vítimas de exploração, bem como por representantes da Confederação Sindical Internacional, da Organização Internacional dos Empregadores, da Rede Mundial de Empresas sobre Trabalho Forçado da OIT, do Departamento do Trabalho dos EUA, da OIT e da RHSF.  

O painel foi unânime em atribuir o primeiro lugar ao cartoonista português Vasco Gargalo. 

“Desenhar é a minha maneira de expressar a minha opinião e de fazer as pessoas refletirem sobre questões sociais e políticas. O trabalho forçado e o trabalho infantil fazem parte da minha agenda, uma vez que vivemos num mundo tão injusto e estas questões são muitas vezes invisíveis”, afirmou Vasco Gargalo. 

O público teve também a oportunidade de votar através da página Instagram da OIT.  Selecionaram uma banda desenhada de Kaan Saatci da Turquia como a sua favorita.   

Os melhores cartoons serão apresentados numa exposição itinerante e numa publicação a ser lançada no Outono de 2021. Esta iniciativa ocorre num momento em que os riscos de ficar preso em trabalho forçado aumentaram devido ao impacto socioeconómico da crise da Covid-19.

“Mais do que nunca, é necessária uma ação urgente para eliminar o trabalho forçado. Os cartoons podem abrir os olhos do público, combater a indiferença e, por fim, levar as pessoas a agir”, afirmou Martine Combemale, Presidente e Fundadora da RHSF. Esperamos que eles façam as pessoas compreender que o trabalho forçado está à nossa volta, através dos bens e serviços que consumimos, porque pode acontecer na nossa comunidade, na nossa vizinhança.   

A OIT estima que 25 milhões de homens, mulheres e crianças estão presos em trabalho forçado: 16 milhões de pessoas são exploradas no setor privado, incluindo na construção civil, agricultura ou no trabalho doméstico; 4,8 milhões são vítimas de exploração sexual forçada e 4 milhões estão em trabalho forçado imposto pelo Estado.  

Como 2021 foi designado Ano Internacional para a Eliminação do Trabalho Infantil, um número significativo de cartoons também destacaram a situação das crianças obrigadas a trabalhar.  

Veja aqui todas as caricaturas distinguidas.  

OIT – Lisboa


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