Comunidade Internacional promete 10 mil milhões de dólares para ajuda humanitária à Síria

Os líderes presentes conferência internacional sobre a Síria, devastada pela guerra, prometeram 10 mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros) para ajuda humanitária ao país dvastado pela guerra. Na sua intervenção, o Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, definiu três objetivos principais: aumentar em 7 mil milhões de dólares (6,2 mil milhões de euros) a ajuda humanitária, congregar apoios a longo prazo e proteger os civis.

“Nunca a comunidade internacional elevou tanto o apoio monetário, num único dia, para uma única crise”, disse Ban em entrevista, no final da conferência que foi co-organizada pela ONU e pelos governos do Reino Unido, Kuwait, Alemanha e Noruega.

Mais de metade do montante prometido destina-se a atender às necessidades imediatas da população vítima de quase sies anos de guerra que causou mais de 250 mil mortos, mais de 4 milhões de refugiados e cerca de 6.5 milhões de deslocados internos. Estima-se que 13.5 milhões de pessoas que vivem na Síria estão sob necessidade urgente de ajuda humanitária.

“Estas promessas irão permitir aos trabalhadores humanitários continuarem a alcançar milhões de pessoas com a ajuda que lhes salvará a vida”, disse Ban Ki-moon. “Estas promessas de financiamentos a longo prazo e empréstimos significam que os parceiros humanitários e de desenvolvimento estarão disponíveis para trabalhar juntos para levarem, novamente, as crianças para a escola, desenhar programas de emprego e começar a reconstrução de infraestruturas”, acrescentou.

O compromisso dos países que acolhem grande parte dos refugiados para abrirem os seus mercados de trabalho também é um progresso do ponto de vista so líder da ONUm que agradeceu aos governos da Jordânia, Líbano e Turquia “por escolherem a solidariedade ao invés do medo”.

Ban Ki-moon saudou o compromisso de ajudar 1,7 milhões de crianças refugiadas a regressar à escola na Jordânia, Líbano e Turquia e de aumentar o acesso a oportunidades de aprendizagem para as crianças que vivem na Síria.

“Saúdo o compromisso conjunto dos presentes para usarem a sua influência para acabar com os cercos e outros graves abusos dos direitos humanos”, disse Ban. “O que mais vai ajudar a população da Síria não é apenas a comida para hoje, mas a esperança no amanhã. No entanto, as partes do conflito permanecem profundamente divididas, mesmo relativamente à questão da melhoria da situação humanitária”.

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Ban Ki-moon fez questão de criticar a falta de acesso das entidades fornecedoras de ajuda humanitário aos civis que se encontram sitiados e criticou, também, o aumento dos ataques aéros e das atividades militares para minar as negociações de paz, mediadas pela ONU, em Genebra.

O Secretário-geral da ONU pediu às potências mundiais para pressionem as demais partes a se empenharem, seriamente, nas negociações que deverão ser retomadas a 25 de fevereiro.

As negociações entre o governo e a oposição, que não foram diretas entre as duas partes mas mediadas por diplomatas da ONU em momentos e salas separadas,  foram suspensas pelo Enviado Especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, na quinta-feira, apenas dois dias após o seu inicio.

“É profundamente perturbador que os passos iniciais das negociações tenham sido travados pela contínua falta de acesso humanitário e por um repentino aumento dos bombardeamentos aéreos e das atividades militares no interior da Síria”, disse Ban Ki-moon.

“Concordo totalmente com o Enviado Especial de que não devemos ter negociações só por ter negociações. Os próximos dias devem ser usados para voltar à mesa e não para garantir mais avanços no campo de batalha”, acrescentou, apelando ao Conselho de Segurança da ONU e ao Grupo Internacional de Apoio à Síria (ISSG) que pressionem as partes a se envolverem seriamente.

O ISSG inclui a Liga Árabe, a União Europeia, as Nações Unidas e 17 outros países (incluindo os Estados Unidos da América e a Rússia) e lançou as bases para as negociações, definidas numa anterior reunião em Genebra, em novembro.

Quando apresentou os três objetivos para a conferência Ban Ki-moon mencionou, em primeiro lugar, a obrigação de reconhecer as enormes necessidades humanitárias, que exigem pelo menos sete mil milhões de dólares para 2016, o dobro do necessário no ano passado.

“Apesar da generosidade de muitos doadores, a comunidade internacional não conseguiu manter o ritmo de resposta a essas necessidades”, frisou.

Em segundo lugar, a comunidade internacional deve lançar as bases de apoio internacional a longo prazo, mesmo que por “algum milagre” o conflito termine amanhã. “As enormes necessidades humanitárias e de desenvolvimento irão continuar por vários anos ou até mesmo décadas.” A ONU está a liderar e a coordenar esse esforço”, declarou Ban.

“Os sírios e outros refugiados necessitam de oportunidades para trabalhar e sustentarem as suas famílias. Comprometamo-nos, hoje, a colocar todas as crianças sírias na escola, dentro de alguns meses, não anos. Oferecer esperança é a melhor maneira de diminuir o êxodo de sírios e prevenir a radicalização de uma geração perdida”, explicou.

Em terceiro luga, devem ser encontrados meios para proteger os civis. “Todas as partes neste conflito cometeram abusos dos direitos humanos numa escala chocante. Os refugiados palestinianos, também vulneráveis, são duplamente desapossuídos e estão numa posição desesperada. Temos que acabar com os cercos e levar comida às pessoas que passam fome”, disse Ban Ki-moon.

O subsecretário-Geral da ONU para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, Stephen O’Brien, destacou que, embora os doadores tivessem contribuído generosamente com 1,25 mil milhões de dólares para o apelo humanitário para a Síria, no ano passado, apenas tinham sido cobertas 43% das necessidades. “Podemos fazer melhor”, frisou.

 O orçamento apresentado dividi-se em duas partes: 3,2 mil milhões de dólares (2,8 mil milhões de euros) para o Plano de Resposta à Crise Humanitária Síria, no interior do país, e 4,5 mil milhões de dólares (quatro mil milhões de euros) para o Plano Regional de Resiliência para os Refugiados, nos países vizinhos.

“Mostremos à população da Síria que somos seus parceiros. Não podemos esquecê-los, vamos dar-lhes esperança no seu futuro dando o passo, sem precedentes, de efetivar a 100% os compromissos para este ano”, disse O’Brian.

“O ciclo vicioso de morte e destruição arrisca-se a ser visto como a nova normalidade na Síria. Mas a morte, o sofrimento, a destruição arbitrária e o desrespeito pela lei nunca deve ser visto como algo “normal”. Cada vez que pensamos ter atingido o limite de sofrimento humano nesta crise, este aprofunda-se, diante dos nossos olhos”, acrescentou.

“As imagens recentes de pessoas extremamente magras, de crianças famintas na cidade sitiada de Madaya chocaram a consciência coletiva do mundo”, acrescentou, prestando homenagem aos milhares de funcionários, na sua maioria sírios e aos voluntários da ONU, ao Crescente Vermelho Árabe Sírio, às organizações não governamentais e aos funcionários do hospital que exercem as suas funções, encarando a pressão política, a violência e a intimidação.

“Eles são verdadeiros heróis humanos. Presto-lhes homenagem, e especialmente aos 82 colegas que perderam as suas vidas no cumprimento do seu dever”, disse.

A administradora do Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) , Helen Clark, salientou que, em paralelo com o enorme esforço da ajuda humanitária, deve haver um aumento do investimento na construção da resiliência das pessoas e das comunidades, tanto na Síria como nos países vizinhos que acolhem refugiados.

“A necessidade de investimento, quer no apoio quer na resiliência, está bem refletida no apelo da ONU deste ano”, disse Calrck. “Existe, agora, uma forte reconhecimento da necessidade de dar mais apoio aos países vizinhos que acomodaram mais de quatro milhões de sírios.”

Entre os funcionários da ONU que participaram nas reuniões laterais da conferência, esteve o sub-secretário Zainab Hawa Bangura, representante especial do Secretário-geral geral sobre Violência Sexual em Conflitos, que elogiou todos os que têm prestado ajuda aos refugiados.

O seu agradecimento foi, em especial, para a Jordânia, Turquia e Líbano e vários países na Europa que deram apoio aos refugiados sírios e apelou a que, no decorrer do processo de asilo, seja dado aos sobreviventes de violência sexual a prioridade e  um serviço adequado, incluindo apoio médico e psicológico.

Zainab Hawa Bangura apelou à garantia de que essas vítimas e sobreviventes sejam mantidos junto das suas famílias para aliviar o seu trauma e assegurar a sua rápida integração. Pediu, ainda, garantias de que as crianças desacompanhadas que procuram refúgio sejam protegidas de modo a que não tornem vítimas de traficantes sexuais e de outros grupos criminosos. Por outro lado, a representante especial pede também acesso ao sistema de justiça, para prenderem os autores de crimes como a violência sexual.

5 de fevreiro de 2016,Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC

 

 


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