COP28: Guterres faz apelo à ação para evitar catástrofe planetária

O secretário-geral das Nações Unidas iniciou o seu discurso na abertura da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28) falando sobre as recentes visitas que fez ao Nepal e à Antártida onde encontrou uma crise comum: “O gelo polar e os glaciares estão a desaparecer diante dos nossos olhos, causando estragos em todo o mundo: desde deslizamentos de terras e inundações até à subida dos mares” afirmou António Guterres, enfatizando ainda que “este é apenas um sintoma da doença que está a pôr o nosso clima de joelhos. Uma doença que só vocês, líderes mundiais, podem curar.”

O diplomata português elencou os sinais vitais do planeta que começam a falhar por causa de emissões recorde, incêndios devastadores, secas mortais e ainda o ano mais quente de sempre.

Mas apesar de estarmos longe das metas do Acordo de Paris, Guterres garante que ainda vamos a tempo de prevenir uma tragédia planetária.

A tecnologia pode ser uma aliada para evitar o caos climático, mas para o líder da ONU será necessário atuar agora com liderança, cooperação e vontade política para tomar medidas.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, visitou recentemente a Antártida onde testemunhou o degelo crescente do continente. Foto ONU/Mark Garten

Cortar emissões

Em primeiro lugar, Guterres apelou a um corte drástico das emissões de dióxido de carbono, lembrando que as políticas atuais estão a levar o planeta a um aquecimento global de 3 graus centígrados. Para que tal corte aconteça, o G20 – grupo de países que representam 80% das emissões – deve liderar o processo de descarbonização, que deverá ter lugar até 2040 para os países desenvolvidos e até 2050 para os países em desenvolvimento.

Eliminar os combustíveis fósseis

Em segundo lugar, o líder da ONU lembrou que “não podemos continuar a queimar o planeta com uma mangueira de fogo dos combustíveis fósseis. É necessário acelerar uma transição justa e igualitária para a energias renováveis.” Guterres evoca a ciência que afirma que só eliminando os combustíveis fósseis será possível limitar o aquecimento do planeta a 1,5 graus centígrados.

Justiça climática

Em terceiro lugar, Guterres pediu aos líderes mundiais mais justiça climática lembrando que os países em desenvolvimento estão as ser devastados “por catástrofes que não causaram” e que “os custos exorbitantes dos empréstimos internacionais estão a bloquear os seus planos de ação climática”, por isso, a comunidade internacional deve comprometer-se “a financiar a transição com a reforma dos bancos multilaterais de desenvolvimento para alavancar muito mais financiamento privado para ação climática para os países em desenvolvimento.”

“Os países desenvolvidos devem mostrar como irão duplicar o financiamento da adaptação para 40 mil milhões de dólares por ano até 2025 – como prometido – e esclarecer como irão cumprir os 100 mil milhões de dólares – como prometido” pede o secretário-geral da ONU.

Guterres terminou a sua intervenção dirigindo-se diretamente aos líderes mundiais, sublinhado que “o desafio climático não é apenas mais um assunto na vossa caixa de entrada” e relembrando que “proteger o nosso clima é o maior teste de liderança do mundo.” Por isso, pediu que os líderes façam com que esta COP valha a pena numa altura em que “o destino da humanidade está em jogo.”


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