Do “desespero” à “esperança” na mudança: as prioridades da ONU para 2021

O secretário-geral da ONU, António Guterres, destacou hoje, 28 de janeiro, um conjunto de prioridades globais para tornar 2021 num ano de oportunidades e esperança. Durante um briefing à Assembleia-Geral da ONU, Guterres apelou a “mais ação” e a “mais ambição”.

O secretário-geral da ONU António Guterres enfatizou, hoje, a Agenda 2030 como o plano fundamental para o progresso global, num briefing sobre as prioridades coletivas para 2021. Das dez prioridades apontadas, destacam-se a resposta global à pandemia da covid-19, a recuperação económica, a emergência climática e o combate das desigualdades, entre outras ameaças mundiais.

No balanço de um ano 2020 marcado pela “tragédia”, o líder da ONU chama a atenção para a urgência de “trazer o mundo de volta ao caminho certo”. António Guterres lembrou as 2 milhões de vidas levadas pela covid-19 no mundo, a somar aos 500 milhões de empregos perdidos, num cenário global marcado pela escalada da pobreza e das desigualdades, pelo agravamento da crise climática, pelas tensões geopolíticas, as crises humanitárias, o crescimento mundial do discurso de ódio e o aumento da violência de género. Depois deste “annus horribilis” (“ano horrível”), o secretário-geral sublinhou que o caminho passará por garantir o bem-estar das populações, das economias, das sociedades e do planeta, em linha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030.

A resposta à pandemia surge como primeira prioridade. Aqui, o reforço das medidas de proteção individual – máscara, distanciamento social e higiene de mãos – junta-se, no apelo do secretário-geral, à garantia de um processo de vacinação eficaz, justo e igualitário. Este processo é descrito em seis passos: prioridade para os profissionais da saúde e grupos de risco, proteção dos sistemas de saúde nos países mais pobres, garantia de fornecimento adequado, disponibilização das doses em excesso com a COVAX, partilha das licenças de produção e promoção da confiança nas vacinas.

O secretário-geral da ONU cita o recente estudo da Organização Mundial de Saúde, que estima que o açambarcamento de vacinas pelos países mais ricos custará 340 vezes mais às economias mundiais do que os 22 mil milhões de euros do Acelerador ACT – Access to Covid-19 Tools.

Na recuperação global da pandemia, o desafio principal é, para António Guterres, garantir que os pacotes de recuperação económica dão prioridade à inclusão e à sustentabilidade. A retoma da produção deverá assegurar investimento em proteção social e cobertura universal de saúde, alinhando-se com a resposta à emergência climática. A neutralidade carbónica até 2050 é um desafio partilhado entre os governos mundiais, o poder local, as empresas e as instituições financeiras, que devem implementar medidas de transição energética e alinhar as decisões económicas e fiscais com as metas ambientais.

“2021 é um ano crítico para o clima e a biodiversidade”

Depart Copán Ruinas, Honduras en route to San Salvador, El Salvador

Agendada para novembro de 2020, em Glasgow, a COP26 será um “momento de verdade” no caminho para “fazer as pazes com a natureza”, combater as alterações climáticas e proteger a biodiversidade

Entre as prioridades definidas, o secretário-geral da ONU destacou ainda o combate da pobreza e das desigualdades, a defesa dos direitos humanos, a igualdade de género, o desarmamento nuclear e o reforço do multilateralismo. Só repensando as bases da organização da Humanidade, como a paz e a relação com a natureza, será possível fazer de 2021 um ano de esperança e oportunidades.

“É possível construir o mundo que queremos. Basta querermos. Juntos”


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