Desenvolvimento Humano: mais trabalho digno é a principal resposta para combater pobreza extrema

Cerca de dois mil milhões de pessoas saíram da pobreza extrema nos últimos 25 anos, mas aumentar o progresso nesse âmbito exige ação reforçada para criar mais oportunidades de trabalho digno, de acordo com o relatório das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Humano 2015, com o título “Trabalho para o Desenvolvimento Humano”, divulgado a 14 de dezembro, em Nova Iorque (EUA) e Adis Abeba (Etiópia).

“Este relatório faz um apelo urgente para enfrentar um dos maiores desafios de desenvolvimento a nível mundial: ter uma oferta suficiente de trabalho digno e meios de sobrevivência para todos”, disse a administradora do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Helen Clark, na cerimónia de lançamento em Adis Abeba.

Esta publicação editorialmente independente do PNUD incentiva os governos a olharem para além do trabalho formal e a considerarem também outras prestações de trabalho tais como o voluntariado, o trabalho criativo, os cuidados à comunidade não remunuerados; todos fatores importantes para o desenvolvimento humano.

O conceito de trabalho digno é definido pela Organização Internacional do Trabalho das Nações Unidas (OIT) como a oportunidade para levar a cabo trabalho produtivo que proporciona um rendimento justo, num ambiente de segurança, com direito a protecção social para a família, melhores perspectivas de desenvolvimento pessoal e integração social, dando liberdade para que os trabalhadores expressem as suas preocupações, organizem e participem nas decisões que afetam as suas vidas e que haja igualdade de oportunidades e de tratamento para homens e mulheres. 

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O relatório apresenta a situação atual ao nível do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede o desempenho médio de um país em termos de proporcionar aos seus habitantes uma vida longa e saudável, instrução e um padrão de vida digno.

A África Subsaariana continua a registar os níveis mais baixos, mas há 11 países desse continente que estão no grupo de alto ou médio desenvolvimento humano: Botswana, Cabo Verde, Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Gana, Maurícias, Namíbia, São Tomé e Príncipe, Seychelles e Zâmbia.

Os países que mais desceram no IDH em relação a 2014 foram a Líbia (desceu 24 posições) e a Síria (desceu 15 posições).

Os cinco países no topo do índice são: Noruega, Austrália, Suíça, Dinamarca e Holanda, sem alterações desde 2014.

Os cinco países no fundo do índice são: Níger, República Centro-Africana, Eritreia, Chade e Burundi.

Mulheres continuam a sofrer forte discriminação no trabalho

“O progresso humano vai acelerar quando todas as pessoas que querem trabalhar tiverem a oportunidade para o fazer em circunstâncias dignas. No entanto, em muitos países, as pessoas são muitas vezes excluídas do trabalho remunerado, ou recebem menos do que outras para fazerem um trabalho de igual valor”, disse o principal autor do relatório, Selim Jahan.

Apesar de melhores políticas a nível de saúde, educação e redução da pobreza extrema terem feito subir o nível de vida de dois mil milhões de pessoas num quarto de século, há muito trabalho pela frente: 830 milhões de pessoas ainda são classificadas como trabalhadores pobres, que vivem com menos de dois dólares norte-americanos por dia.

Há mais de 200 milhões de desempregados – incluindo 74 milhões de jovens – e 21 milhões de pessoas são vítimas de trabalho forçado, de acordo com o relatório.

É também persistente a desigualdade entre homens e mulheres, com estas a realizarem 52% do trabalho a nível mundial mas “três em cada quatro horas de trabalho não remunerado são realizadas pelas mulheres”, refere o documento.

“Quando as mulheres são pagas, ganham globalmente, em média, menos 24% do que os homens e ocupam menos de um quarto das posições de topo na admistração”, acrescentou o relatório.

 

15 de dezembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC

 


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