Impasse político na Guiné-Bissau tem impacto no desenvolvimento

O impasse político na Guiné-Bissau pode atrasar a implementação de reformas cruciais e corroer o progresso no desenvolvimento deste país da África Ocidental,  alertou, esta quarta-feira, Miguel Trovoada, representante especial do Secretário-geral da ONU e Chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS), numa sessão no Conselho de Segurança.

Miguel Trovoada mostrou-se preocupado com “a ausência de um diálogo sincero entre todas as partes interessadas”. “Quanto mais as instituições de Estado e os principais atores políticos permanecerem divididos, mais a situação política se complica e mais se atrasa a implementação de reformas cruciais”, acrescentou o respresentante especial, durante a apresentação do relatório ao Secretário-geral sobre os desenvolvimentos no país e as atividades do UNIOGBIS.

“Todas as partes interessadas – em particular o Presidente da República, o Presidente da Assembleia Geral, o primeiro-ministro e as partes políticas – devem colocar o interesse nacional em primeiro lugar e envolver-se num “diálogo sincero”, respeitando, estritamente, a constituição e as leis”, disse ainda.

O fracasso neste diálogo poderá perpetuar o ciclo de instabilidade política que tem perseguido a Guiné-Bissau, desde há muito tempo, e minar as perspetivas dos cidadãos – que têm apresentado um “notável espírito cívico” – de poderem usufruir de serviços sociais básicos como a saúde e a educação. Trovoada também expressou a sua preocupação sobre o crescimento do crime organizado, citando alguns assaltos à resistência de um membro do Governo e de um funcionário internacional da ONU.

António de Aguiar Patriota, Representante Permanente do Brasil para a ONU e Chefe da Configuração para a Comissão de Consolidação da Paz, afirmou estar tranquilizado pelo facto da discórdia política não se ter traduzido em violência mas, simultaneamente, desanimado por a instabilidade estar a forçar os parceiros internacionais a atrasar a disponibilização dos recursos financeiros prometidos na Conferência de Doadores, realizada em Março de 2015, em Bruxelas.

É de extrema importância, acrescentou, que o Conselho de Segurança aprove a continuação da Missão de Segurança da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental na Guiné-Bissau (ECOMIB), cujo mandato expira em junho, referiu.

A Comissão pela Consolidação da Paz compromete-se a trabalhar em conjunto com o Conselho de Segurança no apoio e fortalecimento do papel da ONU e do Representante Especial na Guiné-Bissau, que articulam coerentemente a necessidade urgente de ultrapassar os presentes impasses.

Contudo, António de Aguiar Patriota enfatiza que uma liderança nacional e o epenhamento de toda a sociedade são fatores catalíticos da mudança política. “As sementes do crescimento económico e social foram semeadas na Guiné-Bissau pelos guineenses, adotando uma visão a longo prazo para a consolidação da paz e a reforma institucional (…) A dificuldade em melhorar a governação na Guiné-Bissau não deve privar o país de avançar com oportunidades cruciais para o desenvolvimento”, disse.

18 de fevereiro de 2016, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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