Mesmo com o cessar das hostilidades na Síria, o acesso a cidades sitiadas continua limitado

Com o cessar das hostilidades numa grande parte da Síria, a 27 de fevereiro, a situação é “encorajadora”, mas as áreas sitiadas continuam particularmente vulneráveis, de acordo com um alto funcionário humanitário da Organização das Nações Unidas (ONU).

“Quando as armas são depostas, isso traduz-se, imediatamente, em várias consequências positivas para as pessoas”, disse Yacoub El Hillo, Coordenador Humanitário da ONU para a Síria, em entrevista ao Centro de Informações das Nações Unidas.

“Agora, podem deslocar-se e fazer as suas atividades diárias de uma forma muito mais normal”, notou, apesar da “profunda anormalidade” criada pelos últimos cinco anos de conflito. Quando inquirido sobre as necessidades humanitárias mais urgentes na Síria, respondeu “tudo”.

Cerca de 13, 5 milhões de sírios necessitam de alguma forma de assistência e proteção, de acordo com a Agência da ONU para a Coordenação dos Assuntos Humanitários.

Essa necessidade varia desde a vacinação das crianças até aos cinco anos, ao forncecimento de abrigo, comida e água aos deslocados, passando também por apoiar programas de saúde e educação e criar oportunidades de emprego.

Estas são as coisas “que nos mantêm ocupados todos os dias”, continuou Yacoub El Hillo, realçando que enquanto a Síria estava no caminho para se tornar um país de médio/alto rendimento, mas “hoje, mais 80% da população é pobre, vivendo com menos de dois dólares por dia (…). É por isso que as necessidades são grandes, bem como por causa da capacidade de liderança ter sido altamente comprometida”.

A situação é particularmente má nas zonas sitiadas, muitas das quais permanecem fora do alcance dos trabalhadores humanitários, apesar da cessação das hostilidades.

Estas incluem Madaya, Zabadani, Al Fouaa, Kifraya, no noroeste do país, assim como áreas no oeste, incluindo Deir ez-Zor, que é controlada pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante, conhecido como ISIS ou Daesh.

A 10 de abril, o Programa Alimentar Mundial da ONU confirmou que estava em condições de largar 26 paletes de alimentos por via aérea. O Crescente Vermelho Árabe Sírio pôde recolher, pelo menos, 22 dessas paletes para distribuição às famílias que passavam fome.

“Violações” da cessação das hostilidades e falta de financiamento

El Hillo exortou as partes – governo e oposição – a acabar com o cerco em Deir ez-Zor e noutras zonas da Síria, que classificou como uma violação do Direito Humanitário Internacional.

A atual cessação das hostilidades já leva sete semanas, mas têm ocorrido violações. Apesar de ser um cenário habitual neste tipo de acordo, El Hillo disse estar preocupado com a frequência das violações e o aumento desses incidentes.

“Tudo deve ser feito para assegurar que a cessação das hostilidades se mantém”, disse.

O Coordenador Humanitário da ONU para a Síria disse, ainda, que a comunidade internacional tem que tentar encontrar forma de melhorar a distribuição da ajuda humanitária. Acrescentou que, nos últimos anos, numerosas promessas de ajuda foram anunciadas, mas nenhum desses financiamentos foi além de 50% do prometido.

Abordar as origens do conflito e encontrar  formas mais eficientes de providenciar ajuda estão entre os objetivos da Cimeira Humanitária Mundial, que terá lugar em Istambul (Turquia), a 23 e 24 de maio.

“Espero que os líderes mundiais, na cimeira do próximo mês, procurem, atentamente, uma forma de reformular o sistema de financiamento e o financiamento das respostas humanitárias”, disse El Hillo, “mas também, talvez mais importante, que abordem a causas destas misérias humanas”.

20 de abril de 2016, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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