Na ONU, a UE vota por maioria a favor de um cessar-fogo em Gaza

Com uma grande maioria, a Assembleia Geral da ONU adotou na terça-feira uma resolução apelando a um “cessar-fogo humanitário imediato” e à “libertação incondicional de todos os reféns”. Desta vez, apesar de algumas vozes dissonantes, a União Europeia esteve mais unida do que durante a votação anterior sobre a situação em Gaza.

A resolução foi aprovada por uma ampla maioria de 153 votos a favor, 10 contra e 23 abstenções.

Portugal, à semelhança da votação anterior votou a favor, tal como a maioria dos países da União Europeia (UE).

Entre os 27 membros  da EU, dois votaram contra, a Áustria e a República Checa. Dezassete, uma maioria, votaram a favor da resolução. Os outros oito abstiveram-se.

A UE parecia muito mais dividida quando foi adotada uma primeira resolução a 27 de Outubro, que apelava a uma “trégua” e não a um cessar-fogo. Nessa altura, apenas oito Estados-membros da UE votaram a favor, quatro contra e 15 abstiveram-se.

O embaixador Alexander Marshik, representante da Áustria, um dos dois países da UE que se opôs a esta resolução, considerou que “Esta resolução é insuficiente em muitos aspetos, em particular, no que diz respeito ao direito de “Israel garantir a segurança dos seus cidadãos e de nomear o grupo terrorista responsável pela tomada de reféns.” A Áustria propôs uma alteração ao texto que foi rejeitada.

Mais apoio face ao colapso humanitário

Depois de mais de dois meses de retaliação israelita, que se seguiu ao ataque sangrento do Hamas a 7 de Outubro, a solidariedade inabalável de certos países para com o Estado judeu parece estar a desmoronar-se.

A Assembleia Geral adota uma resolução sobre “Proteção de civis e cumprimento das obrigações legais e humanitárias”. A resolução “exige um cessar-fogo humanitário imediato; reitera o seu pedido de que todas as partes cumpram as suas obrigações ao abrigo do direito internacional. Foto ONU/ Loey Filipe

A resolução anterior da Assembleia Geral foi aprovada com 120 votos a favor, 14 contra e 45 abstenções. Desta vez, o número de votos a favor foi maior (+33), os votos contra diminuíram 4 e as abstenções passaram de 45 para 23.

Um dos fatores desta evolução é a deterioração das condições de vida da população da Faixa de Gaza, que a ONU descreveu como apocalíptica. O conflito deixou pelo menos 18 mil mortos, a maioria deles mulheres e crianças, e 1,9 milhões de deslocados. As agências da ONU alertaram, à medida que os bombardeamentos se intensificam, que a distribuição da ajuda humanitária está a ser comprometida.

O secretário-geral da ONU alertou para um “colapso humanitário”.

António Guterres invocou então excecionalmente o artigo 99.º para pedir ao Conselho de Segurança que se reunisse com urgência. Porém, a 8 de dezembro, a resolução apresentada ao Conselho foi rejeitada após veto dos Estados Unidos. O chefe da ONU prometeu então que “nunca desistiria”.


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