“O mundo está a ver-vos”, diz Guterres a Zelensky

Descrevendo a situação da Ucrânia como “um epicentro de dor e sofrimento insuportáveis”, o secretário-geral da ONU, lado a lado com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, prometeu aumentar o apoio à população e aos milhões de desalojados na sequência da invasão da Rússia. “Sei que palavras de solidariedade não são suficientes. Estou aqui para perceber as necessidades no terreno e aumentar a escala das operações”.

“Quero que o povo ucraniano saiba que o mundo vos vê, vos ouve, e admira a vossa resiliência e determinação”, declarou António Guterres.

“Esta guerra tem de acabar e a paz tem de ser restabelecida, em conformidade com a Carta das Nações Unidas e o Direito Internacional”. O secretário-geral explicou também que muitos líderes têm feito esforços para parar os combates, embora esses esforços, até agora, não tenham tido êxito.

Apesar de o Conselho de Segurança das Nações Unidas não ter conseguido cumprir o seu objetivo de pôr termo à guerra, o que é, para Guterres “uma fonte de grande desilusão e frustração”, a ONU promete não baixar os braços. “Estou aqui para lhe dizer a si, senhor presidente, e ao povo da Ucrânia: não vamos desistir”. 

Pouco tempo depois da conferência de imprensa fizeram sentir-se na capital dois ataques de mísseis, apesar da retirada russa dos subúrbios de Kiev. O secretário-geral da ONU está em segurança.

UN Photo/Eskinder Debebe

“Pelo bem da Ucrânia, da Rússia e do mundo, quanto mais cedo esta guerra acabar, melhor”

O secretário-geral da ONU está na Ucrânia em visita às diferentes cidades afetadas pelo conflito. Em Bucha, António Guterres apelou a uma “investigação e responsabilização” de alegados crimes de guerra nesta cidade ucraniana. “Ver este cenário horrível faz-me sentir o quão importante é ter uma investigação minuciosa, bem como apurar responsabilidades”.  

“Fico contente que o Tribunal Penal Internacional seja chamado a pronunciar-se sobre a situação e por o gabinete do procurador já aqui estar. Apoio plenamente o Tribunal Penal Internacional e apelo à Federação Russa para que aceite cooperar com ele”. No entanto, Guterres lembrou que “quando falamos de crimes de guerra, não nos podemos esquecer que o pior dos crimes é a própria guerra”. 

Em Buryanka, num testemunho mais pessoal, o secretário-geral diz ter imaginado como seria se a sua família estivesse nos edifícios, nas casas destruídas, vendo as suas netas a fugirem e vendo parte da sua família morta. “Quando imaginamos esse tipo de situações, o nosso coração fica com as vítimas”, disse.  

UN Photo/Eskinder Debebe

“A destruição não aceitável nos nossos dias” 

António Guterres falou com jornalistas portugueses na chegada a Kiev, na Ucrânia, destacando que as Nações Unidas vão continuar os seus esforços por expandir o apoio humanitário e assegurar a evacuação de civis das zonas de conflito. 

Enquanto “mensageiro da paz”, o objetivo do secretário-geral da ONU é ajudar a encontrar uma solução de acordo entre todos para que se possa realizar uma ação humanitária de “valor extraordinário”. 

Questionado sobre a intervenção das Nações Unidas no conflito, o secretário-geral explicou que tem sido permanente. “Temos 1400 pessoas a trabalhar na Ucrânia. Mais de três milhões de ucranianos já receberam apoio humanitário da ONU”.  

Apesar de a ONU não estar integrada na mediação política do conflito, uma posição que vem dos Acordos de Minsk, Guterres diz estar a acompanhar de perto as negociações, esperando que “um dia a paz regresse a estas terras, que bem necessitam dela”. 

UN Photo/Eskinder Debebe

Direito Internacional e Justiça

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