ONU lamenta a morte do antigo Secretário-geral Boutros Boutros-Ghali

Boutros Boutros-Ghali, diplomata veterano egípcio e primeiro Secretário-geral da ONU oriundo de África, faleceu, dia 16 de fevereiro, aos 93 anos de idade.

Boutros-Ghali é reconhecido e elogiado pela sua  liderança da ONU no tumultuoso início da década de 1990, bem como por ter ajudado a moldar a resposta das Nações Unidas à realidade do pós-Guerra Fria, elaborando um relatório de referência sobre diplomacia preventiva, pacificação e manutenção da paz.

Ao anúncio da morte de Broutos-Ghali, pelo Conselho de Segurança da ONU, seguiu-se um momento de silêncio por parte dos seus 15 membros.

Boutros-Ghali teve uma duradoura ligação com os assuntos internacionais enquanto diplomata, jurista, académico e autor amplamente reconhecido. Tornou-se membro do Parlamento egípcio em 1987, tendo desempenhado cargos ministeriais na pasta dos Negócios Estrangeiros de 1977 a 1991.

Ao longo de quatro décadas, Boutros-Ghali participou em numerosas reuniões relacionadas com o direito internacional, direitos humanos, desenvolvimento económico e social, descolonização, questões sobre o Médio Oriente, direito humanitário internacional, direitos das étnias e outras minorias, criação de alianças, desenvolvimento na região do Mediterrâneo e cooperação África-Arábia.

Em setembro de 1978, Boutros-Ghali participou na Conferência Cimeira de Camp David (EUA), tendo desempenhado um importante papel nas negociações do acordo de paz entre o Egipto e Israel, assinado em 1979.

FOTO ONU:Fabrice Ribère

 

Relatório “Uma Agenda para a Paz”

O mandato do sexto Secretário-geral da ONU ficou marcado pelos conflitos no Haiti, Somália, Ruanda e na ex-Jugoslávia, entre outros. Logo após a tomada de posse de Boutros Boutros-Ghali, o Conselho de Segurança reuniu-se na primeira Cimeira de Chefes de Estado. A seu pedido, Boutros-Gahli foi o autor do relatório “Uma Agenda pela Paz”, que fez uma análise das medidas e políticas que poderiam fortalecer a capacidade da ONU para levar a cabo missões de prevenção diplomátoca, pacificação e manutenção da paz.

Ao longo do seu mandato, Boutros Boutros-Ghali liderou a reforma estrutural e de gestão da ONU.

 

Coragem e independência

Na sede da ONU, em Nova Iorque, o Secretário-geral Ban Ki-moon recordou o seu predecessor como um respeitável estadista que demonstrou uma “formidável experiência e poder intelectual para dirigir a Organização das Nações Unidas num dos períodos mais tumultuosos e desafiadores da História e para guiar a Organização Internacional da Francofonia nos anos subsequentes.”

“Como Secretário-geral presidiu a um drástico aumento das missões de manutenção da paz da ONU e presidiu, também, num momento em que o mundo procurou, de forma crescente, a ONU como solução para os seus problemas, no rescaldo da Guerra Fria”, disse Ban-Kimoon aos jornalistas.

“Boutros Boutros-Ghali revelou coragem ao fazer perguntas difíceis aos Estados-membros e, com razão, insistiu na independeência do seu gabinete e do Secretariado como um todo. O seu compromisso com a Organização das Nações Unidas – a sua missão e os seus funcionários – foi inconfundível e a marca que deixou na organização é indelével.”, afirmou Ban-Kimoon.

FOTO ONU

Ban-Kimoon extendeu as suas condolências à família do antigo Secretário-geral, à população egípcia e aos seus vários amigos e admiradores, espalhados pelo mundo.

“A comunidade da Organização das Nações Unidas vai chorar um líder memorável que prestou serviços inestimáveis para a paz no mundo e para a ordem internacional”, concluiu.

À expressão de condolências juntou-se Oh Joon, presidente do Conselho Económico e Social da ONU, que saudou Boutros-Ghali como um pioneiro apoiante do conceito de construção da paz. O presidente da Assembleia-Geral da ONU, Mogens Lykketoft, também lamentou a morte de Boutros-Ghali, dizendo que a ONU e todo o mundo perderam um “excelente diplomata”.

O Alto Representante para a Aliança das Civilizações da ONU, Nassir Abdulaziz Al-Nasser, expressou a sua “profunda tristeza” pela morte de Boutros-Ghali e disse que este irá ser sempre recordado pelo seu contínuo empenho na conquista da paz no mundo, observando que a “Agenda da Paz” continua a ser um legado duradouro.

17 de fevereiro de 2016, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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