ONU preparada para enfrentar desafios internacionais, afirma Ban Ki-moon em Washington

A ONU possui o potencial necessário para iniciar uma nova era dourada igual à dos seus primeiros anos de existência, apesar dos desafios tremendos que a Organização enfrenta – desde estabelecer a paz em Darfur e no Médio Oriente até objectivos a longo prazo como os das alterações climáticas e melhorar a vida das pessoas mais pobres do mundo, disse hoje o Secretário-Geral Ban Ki-moon.
 
Num discurso proferido no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington, D.C., Ban Ki-moon disse que a ONU não só é capaz de superar os problemas mundiais como irá florescer ao fazê-lo, mas apenas se conseguir estabelecer uma estreita parceria com os Estados Unidos em que não haja medo nem desconfiança.
 
"Para que eu seja bem sucedido como Secretário-Geral, necessitarei que a nossa parceria seja forte, profunda e ampla – em termos políticos, morais, operacionais e, sobretudo, financeiros", afirmou Ban Ki-moon, referindo a quantidade cada vez maior de solicitações dispendiosas feitas à organização mundial, especialmente nas áreas da manutenção da paz e da assistência humanitária.
 
"Conseguiremos construir uma nova era dourada para as Nações Unidas se trabalharmos em conjunto nesse sentido – e se os Estados Unidos estiverem ao nosso lado, empenhada e sistematicamente", acrescentou. "Com a participação activa e construtiva dos Estados Unidos, o potencial da ONU é ilimitado. E se a ONU realizar o seu potencial, será mais fácil para os Estados Unidos promoverem as suas aspirações quanto a um mundo pacífico, saudável e próspero."
 
O Secretário-Geral sublinhou que uma parceria construtiva entre as Nações Unidas e os Estados Unidos, o maior doador do mundo, "não pode, nem deve, avançar à custa dos outros. Todos os nossos Estados-Membros têm o direito de ser ouvidos, independentemente da dimensão da sua população ou dos seus recursos financeiros".
 
Ban Ki-moon instou os Estados Unidos a integrarem o Conselho dos Direitos Humanos este ano, dizendo que "está demasiado em jogo" para que Washington fique de fora.
 
Em troca, prometeu reforçar a capacidade da ONU para lidar com problemas importantes e reformar a cultura de trabalho da organização, de modo a conferir uma verdadeira mobilidade aos seus funcionários e torná-los multifuncionais e responsáveis, dando mais destaque à progressão na carreira e à formação.
 
O Secretário-Geral também falou sobre as principais prioridades do seu mandato, descrevendo a crise de Darfur, no Sudão, como "um caso de esperanças desfeitas" e mencionou a sua primeira deslocação oficial ao exterior, para participar na cimeira da União Africana em Adis Abeba, na Etiópia, em finais do mês em curso.
 
Fez um apelo a esforços sérios e renovados para resolver os conflitos no Médio Oriente, descrevendo a situação no Iraque como "um problema do mundo inteiro" e frisando que deseja tornar o Quarteto diplomático – constituído pelas Nações Unidas, os Estados Unidos, a União Europeia e a Rússia – num mecanismo mais eficaz para resolver o conflito israelo-palestino.
 
Prometeu, também, apoio ao Líbano no seu trabalho de reconstrução física e nas suas tentativas de aproximar as suas comunidades no seguimento da guerra do ano passado.
 
Ban Ki-moon disse que trabalhar no sentido de alcançar um estatuto permanente definitivo para o Kosovo e dar um novo impulso às negociações sobre o desarmamento e a não proliferação nuclear, que estão num impasse, são também prioridades, referindo em especial a situação da península da Coreia.
 
No entanto, sublinhou que os esforços no sentido de resolver questões relacionadas com a paz e a segurança não devem eclipsar "outros desafios igualmente importantes" noutras áreas, sobretudo a necessidade de tirar as pessoas da pobreza, do analfabetismo e do desespero.
 
"Este ano haverá que fazer progressos reais no que se refere aos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM)", afirmou Ban Ki-moon, aludindo ao conjunto de oito metas acordadas internacionalmente com vista a reduzir males socioeconómicos até 2015.
 
Ban Ki-moon também insistiu em melhorias ao nível da luta contra as alterações climáticas, problemas de saúde mundiais como o VIH/SIDA e a gripe aviária, e a protecção dos direitos humanos, frisando que os direitos humanos têm de ser um pilar do trabalho das Nações Unidas, em pé de igualdade com a segurança e o desenvolvimento.
 
Durante a sua visita a Washington, o Secretário-Geral encontrou-se com o Presidente George W. Bush e com democratas e republicanos do Congresso americano, incluindo membros importantes de comissões do Senado e da Câmara dos Representantes responsáveis pelas relações externas.

(Baseado numa notícia produzida pelo Centro de Notícias da ONU a 16/01/2007)


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