Relatório da ONU afirma que 90 por cento dos desastres têm causas meteorológicas

Um novo relatório lançado pelo Escritório das Nações Unidas para a Redução de Riscos de Catástrofe (UNISDR) demonstra que nos últimos 20 anos, 90 por cento dos maiores desastres foram causados pelas 6457 cheias, tempestades, ondas de calor, secas e outros eventos meteorológicos registados.

O relatório “Custos Humanos de Desastres com Causas Meteorológicas” aponta que os cinco países mais atingidos por estes desastres são os Estados Unidos, China, Índia, Filipinas e Indonésia.

“O tempo e clima são das maiores causas dos desastres e este relatório demonstra que o mundo está a pagar um preço alto pelas vidas perdidas”, afirmou Margareta Wahlström, Diretora da UNISDR, num comunicado de imprensa.

“As perdas económicas são o maior desafio de desenvolvimento para os países menos desenvolvidos que estão a combater as alterações climáticas e pobreza”, acrescentou.

O relatório e análise compilado pela UNISDR e o Centro Belga de Pesquisa sobre a Epidemiologia dos Desastres (CRED) demonstra que desde a primeira Conferência da ONU sobre o clima (COP1) em 1995, perderam-se 606 mil vidas e 4.1 mil milhões de pessoas ficaram feridas, sem abrigo ou com necessidade de assistência de emergência devido aos desastres meteorológicos.

O relatório também sublinha as lacunas de datas, observando que as perdas económicas devido a desastres meteorológicos são muito maiores do que os registos de 1891 biliões de dólares, que corresponde a 71 por cento de todas as perdas atribuídas a catástrofes naturais nos últimos 20 anos. Apenas 35 por cento dos registos incluem informação sobre perdas económicas. A UNISDR estima que o cenário real das perdas de desastres (incluindo terramotos e tsunamis) é de cerca de 250 mil a 300 mil milhões anualmente.

 “No longo prazo, um acordo em Paris na COP21 para reduzir as emissões de gazes de efeito de estufa contribuirá para reduzir os danos e perdas dos desastres que são parcialmente causados pelo aquecimento planetário e aumento dos níveis do mar”, explicou Margareta Wahlström.

 “Por agora, há uma necessidade de reduzir os níveis existentes de risco e evitar criar novos através da garantia de que os investimentos públicos e privados têm noção dos riscos e não aumentam a exposição das pessoas e bens económicos a desastres naturais em solos propícios a cheias, zonas costeiras vulneráveis e outros locais impróprios para assentamentos humanos”.

A Diretora da UNISDR, relembrou que o ano do desenvolvimento começou em março deste ano com a adoção do Quadro de Sendai para a Redução de Riscos de Catástrofe, um pacote de 15 anos aprovado pela Assembleia-Geral da ONU, que estabelece metas claras para a redução substancial de perdas em desastres, incluindo mortalidade, números de pessoas afetadas, perdas económicas e danos críticos a infraestrutura como escolas e hospitais.

Ao mesmo tempo, a Docente Debarati Guha-Sapir, Presidente do CRED, afirmou que as alterações climáticas e eventos meteorológicos são uma ameaça ao alcance dos ODS geral de erradicar a pobreza.

 “Temos de reduzir as emissões de gazes de efeito de estufa e combater outras causas de riscos como o desenvolvimento urbano não planeado, degradação ambiental e lacunas em sistemas de aviso prévio. Isto requer uma garantia de que as pessoas estão informadas sobre os riscos e um fortalecimento das instituições que gerem os riscos de desastre”.

De acordo com o relatório, a Ásia conta o maior número dos impactos de desastre, incluindo 332 mil mortes e 3,7 mil milhões de pessoas afetadas. A taxa de mortalidade na Ásia inclui 138 mil mortes causadas pelo Ciclone Nargis que atingiu a Birmânia em 2008.

No total, uma média de 335 desastres meteorológicos foi registada por ano entre 2005 e 2014, um aumento de 14 por cento em relação ao período de 1995-2004, e quase o dobro de 1985-1995.

A extensão dos impactos dos desastres na sociedade é revelada por outras estatísticas da Base de Dados de Eventos de Emergência do CRED, ou EM-DAT, que aponta que 87 milhões de casas foram danificadas ou destruídas durante o período de inquérito.

A análise também destaca que as cheias representam 47 por cento de todos os desastres meteorológicos registados no período de 1995 a 2015, afetando 2,3 mil milhões de pessoas e matando 157 mil. As tempestades foram os desastres mais mortíferos, contando 242 mil mortes ou 40 por cento das mortes devido a este tipo de desastres em todo o mundo, com 89 por cento destas mortes a ocorrem em países de rendimento baixo.

Overall, heatwaves accounted for 148,000 of the 164,000 lives lost due to extreme temperatures, with 92 per cent of deaths occurring in high-income countries.

Por fim, as secas afetam África mais do qualquer outro continente, com o EM-DAT a registar 136 eventos entre 1995 e 2015, incluindo 77 secas na África Oriental apenas. O relatório também recomenda que os dados das mortes indiretas devido a secas devem ser melhorados.

23 de novembro de 2015, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC



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