Surto de vírus Zika declarado “emergência de saúde pública internacional”

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que o recente conjunto de problemas neurológicos e malformações neonatais relatados em países da América onde se verifica um surto do vírus Zika constitui uma emergência de saúde pública de importância internacional.

A declaração surge depois de reuniões, esta semana, do Comité de Emergência do Regulamento Sanitário Internacional da ONU, que concluiu que  a relação entre este conjunto de problemas e o vírus Zika é fortemente suspeita, observando que esta constitui um “acontecimento extraordinário” e uma ameaça à saúde pública para outras regiões do mundo.

“Declaro que o recente conjunto de casos de microcefalia e outras doenças neurológicas relatadas no Brasil, na sequência de um conjunto similar na Polinésia Francesa, em 2014, constitui uma emergência de sáude pública de importância internacional”, disse aos jornalistas, em Geneva, por teleconferência, Margaret Chan, diretora-geral da OMS.

Ao avaliar o nível de ameaça, os 18 especialistas e conselheiros consideram em particular a forte relação, no tempo e no espaço, entre a infeção do vírus Zika e o aumento de casos detetados de malformação congénita e complicações neurológicas.

“Os especialistas concordam que a relação causal entre a infeção do vírus Zika durante a gravidez e a microfecalia é fortemente suspeita, embora ainda não comprovada cientificamente”, explicou Margaret Chan. “Todos estão de acordo quanto à necessidade urgente de coordenar esforços internacionais para investigar a perceber melhor esta relação”, acrescentou.

A diretora-geral sublinhou, ainda, que é necessária uma resposta internacional coordenada para melhorar a vigilância, a deteção de infeções, as malformações congénitas e as complicações neurológicas. Outras medidas previstas são o controlo das populações onde está presente o mosquito e acelerar o desenvolvimento dos testes de diagnóstico e vacinas para proteger as pessoas em risco, especialmente durante a gravidez.

No entanto, o Comité não encontrou qualquer justificação de saúde pública para restringir as viagens e o comércio como forma de prevenção do alastramento do vírus Zika.

IMAGEM ONU

UNICEF promove autoproteção

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) está a trabalhar com os governos para mobilizar as comunidades para a autoproteção das infeções.

“Embora continue a não existir uma evidência conclusiva da relação entre a microcefalia e o vírus Zika, existe a preocupação suficiente para uma ação imediata”, disse Heather Papowitz, conselheira  da UNICEF para as Emergências de Saúde, em comunicado à imprensa.

“Precisamos de agir rapidamente para fornecer a informação que as mulheres e as grávidas necessitam para se protegerem, bem como aos seus bebés, e precisamos de trabalhar com as comunidades sobre as formas de combater a presença do mosquito que transmite o vírus”, acrescentou.

De acordo com esta agência, há medidas simples que podem ser implementadas tais como a aplicação na pele de repelentes de insetos, o uso de roupa para cobrir o máximo possível do corpo, a  limpeza de espaços onde os mosquitos possam procriar e a clocação de telas protetoras nas janelas e nas portas. As mulheres grávidas que temam ter uma maior exposição ao vírus devem aconselhar-se com o seu médico de família.

Relativamente à forma como o vírus Zika pode afetar as viagens, a Organização Mundial de Turismo da ONU recordou, em comunicado à imprensa, que de acordo com a OMS não deve haver restrições às viagens nas áreas afetadas.

A agência sublinha que os viajantes para áreas de possível transmissão do vírus Zika devem receber aconselhamento sobre os potenciais riscos e as medidas apropriadas para reduzir a possibilidade de exposição às picadas de mosquito. Também lembrou que devem ser implementadas as recomendações padrão da OMS em matéria de desinfeção dos aviões e dos aeroportos.

28 de janeiro de 2016, Centro de Notícias da ONU/Traduzido & Editado por UNRIC


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