A 24 de fevereiro de 2022 a Federação Russa invadiu a Ucrânia, fazendo escalar uma guerra na Europa. Desde então o sofrimento e a destruição não pararam.
Um ano de conflito significou inúmeras perdas: milhares de civis foram mortos, torturados e feridos; cidades inteiras foram devastadas; serviços básicos de vida danificados. Contudo, o povo ucraniano tem demonstrado uma enorme resiliência, solidariedade e coragem. Juntaram-se para se apoiarem uns aos outros, criaram grupos de voluntários e foram para a linha da frente. As organizações humanitárias complementaram este esforço juntamente com a ajuda da comunidade internacional.
Juntos, ajudámos 16 milhões de pessoas na Ucrânia no ano passado.
Porém, um ano depois, a guerra está longe de ter terminado.
Por isso, é ainda fundamental continuar a apoiar a resposta humanitária na Ucrânia e aqui estão 7 razões que justificam esta necessidade:
1- 18 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária
Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, fez escalar um conflito que já se vinha a desenrolar no leste do país desde 2014. Assim, o número de pessoas que precisavam de ajuda humanitária aumentou de pouco menos de 3 milhões para quase 18 milhões.
2- Milhões de pessoas tiveram de fugir e tentar estabelecer-se longe de casa
Nos primeiros meses após a invasão, cerca de 8 milhões de pessoas foram deslocadas internamente, sendo que o mesmo número de pessoas fugiu através das fronteiras. Desde então, a crise das pessoas que procuram refúgio tem continuado – mais de 5,5 milhões de pessoas continuam deslocadas internamente e quase 8 milhões de pessoas são refugiadas.
3- O acesso aos cuidados de saúde, água e eletricidade foi destruído
No ano passado, quase 70% dos ataques a instalações de cuidados de saúde em todo o mundo ocorreram na Ucrânia, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os hospitais do país foram bombardeados e o acesso aos serviços essenciais de saúde foi dizimado, particularmente no leste do país.
A guerra devastou também o sistema hídrico da Ucrânia, deixando milhões de pessoas sem acesso a água potável. Além disso, seguiu-se uma crise energética, após sucessivos ataques às infraestruturas do país. Sem eletricidade o funcionamento dos hospitais, o aquecimento das casas e a distribuição da água ficaram comprometidos.
4- O acesso à educação está em risco
Ao longo do ano, as escolas foram atacadas, destruídas ou convertidas em bases militares – o que dificultou gravemente o acesso à educação. Quase 40% das escolas no país dependem agora no ensino virtual, algo que está também comprometido devido às falhas no acesso à eletricidade e à internet. Cerca de 5,3 milhões de crianças precisam de apoio para assegurar a continuidade da sua educação.
5- O trauma é inimaginável
De acordo com a OMS, quase 10 milhões de pessoas estão em risco de desenvolver não só condições do foro mental como ansiedade, depressão e stress pós-traumático, mas também adições, como o uso de substâncias. A separação das famílias, a destruição das cidades e a morte de familiares foram experiências pelas quais quase toda a população passou. Além disso, também questões como a violência sexual ou o recrutamento militar junto dos mais jovens, deixam cicatrizes para toda a vida.
6- A agricultura e a economia foram profundamente afetadas
A guerra afetou severamente a indústria agrícola da Ucrânia, deixando milhares de agricultores sem rendimentos e 1 em cada 3 famílias em situação de insegurança alimentar. O desenrolar do conflito levou à danificação de terras férteis e de várias culturas, assim como ao encerramento dos portos do país durante mais de seis meses. Também a falta de disponibilidade e de acesso a sementes, fertilizantes, combustíveis e produtos fitofarmacêuticos dificultou a produção – fatores que contribuíram para a inflação dos preços dos alimentos.
7- Milhões de pessoas ainda não estão a receber a ajuda que precisam
Desde o escalar da guerra que a assistência humanitária está no terreno: foram organizados milhares de comboios para levar alimentos, água, medicamentos, abrigo, kits de higiene e geradores às comunidades devastadas pela guerra e às pessoas que tinham fugido para o Ocidente. Além disso, ajudaram-se também inúmeras pessoas a fugir das zonas de guerra.
Este conflito deu origem à resposta humanitária que mais donativos recebeu na história, garantindo apoio a mais de 6 milhões de pessoas na Ucrânia. Apesar de tudo isto, o apoio às comunidades nas áreas controladas pela Rússia é extremamente limitado.
O mundo tem visto como a diplomacia humanitária pode mudar as coisas para melhor: através da Iniciativa dos Grãos do Mar Negro ou das evacuações de civis da fábrica de aço Azovstal. Neste momento, são necessárias este tipo de ações para ajudar a garantir que a assistência humanitária na Ucrânia consegue apoiar as pessoas, independentemente de quem sejam ou de onde vivem.
Nós podemos e devemos continuar a apoiar as pessoas na Ucrânia.