Varíola dos macacos declarada “Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional”

“O atual surto de varíola dos macacos propagou-se rapidamente por todo o mundo, através de novos modos de transmissão sobre os quais entendemos ‘muito pouco’, e obedece aos critérios de emergência ao abrigo do Regulamento Sanitário Internacional.”

“Por todas estas razões, decidimos que o surto mundial de varíola dos macacos representa uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional”, anunciou o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Gebreyesus, no sábado, durante uma conferência de imprensa.

Tedros indicou que o risco de expansão da varíola dos macacos é moderado a nível mundial e em todas as regiões exceto na Europa, onde o risco é elevado.

Atualmente há mais de 16.000 casos comunicados de 75 países e territórios e cinco mortes.

@CDC. Um jovem mostra as mãos durante um surto de varíola dos macacos na República Democrática do Congo.
Varíola dos macacos em Portugal

A Organização Mundial de Saúde falou com um médico português sobre a sua experiência no tratamento de doentes com varíola dos macacos.

Francisco Silva é médico especialista em medicina geral, em Lisboa, onde trabalha numa clínica de saúde sexual. A sua clínica foi uma das primeiras na Europa a ver um número crescente de pacientes com sintomas semelhantes que foram rapidamente identificados como sendo causados pela varíola dos macacos.

“No início de maio tive vários pacientes que se apresentaram com o que pareciam ser úlceras. Testámo-los para infeções sexualmente transmissíveis, mas os testes voltaram negativos, por isso, sabíamos que algo estava errado. O nosso laboratório relatou os casos através da plataforma online EpiPulse (gerida pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças) e rapidamente descobrimos que tínhamos em mãos os primeiros casos de varíola dos macacos“.

Foi graças à notificação destes casos que foram identificados em clínicas de saúde sexual em Portugal, no Reino Unido, e depois noutros países europeus, que os pontos foram ligados para concluir que se estava a lidar com um surto considerável de varíola dos macacos, numa escala nunca antes vista.

Embora a maioria dos casos examinados por Francisco Silva tenham sido entre homens que fazem sexo com homens, o médico sublinha que esta não é uma doença exclusiva de homens homossexuais, e que não lhe deve ser associado nenhum estigma em resultado disso.

“No início receava que a doença fosse associada à comunidade gay, mas o governo de Portugal fez um excelente trabalho nas redes sociais, elucidando as pessoas sobre a varíola dos macacos e explicando que qualquer pessoa pode contrair a doença”, considera o médico.

Recomendações

A fim de combater o surto de varíola dos macacos, a OMS recomenda aos países que:

  • Implementem uma resposta coordenada para parar a transmissão e proteger os grupos vulneráveis;
  • Protejam as comunidades afetadas;
  • Intensifiquem a vigilância e as medidas de saúde pública;
  • Reforcem a gestão clínica e a prevenção e controlo de infeções em hospitais e clínicas;
  • Acelerem a investigação sobre o uso de vacinas.

Francisco Silva aconselha ainda “a redução do número de parceiros sexuais e, pelo menos por enquanto, que se evitem os clubes sexuais”. “A maioria dos casos que vi – embora nem todos – podem estar associados à presença nesses espaços”.

Saiba mais sobre a varíola dos macacos: Varíola dos macacos I OMS

 


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