Acordo histórico pela biodiversidade

A COP15 chegou ao fim com um acordo inovador que pretende restaurar 30% dos ecossistemas degradados da terra e do mar, e proteger 30% da natureza do planeta, até 2030.

Este acordo visa também reformar os subsídios prejudiciais ao ambiente em mais de 500 mil milhões de dólares, sendo que os países mais ricos acordaram providenciar 30 mil milhões de dólares em ajuda para a proteção da biodiversidade até ao final da década, um aumento significativo em relação aos níveis atuais. Além disso, os governos acordaram ainda sobre medidas urgentes a serem implementadas de modo a travar a extinção de várias espécies ameaçadas pela ação humana.

A par dos objetivos da natureza, os países chegaram a um acordo para desenvolver um mecanismo financeiro de partilha dos benefícios de descobertas de medicamentos, vacinas e produtos alimentares que provém de formas digitais da biodiversidade (digital sequence information – DSI).

Foto UNEP

Apesar de histórico, o acordo Kunming-Montreal não agradou a todos os países, posto que os representantes da República Democrática do Congo, do Uganda e dos Camarões defendiam a criação de um novo fundo para a biodiversidade separado do fundo da ONU que já existe. Contudo, os países acordaram na criação de um fundo no âmbito do mecanismo de financiamento para a biodiversidade da ONU já existente – Fundo Global para o Meio Ambiente – e comprometeram-se a conversar no futuro sobre a possibilidade da criação de um fundo separado.

Embora este acordo não seja juridicamente vinculativo, os países terão de mostrar não só os planos nacionais a serem implementados, como também os progressos no cumprimento dos objetivos estabelecidos.

Considerando a queda do número de insetos, as alterações climáticas, os oceanos cada vez mais poluídos com plásticos, o consumo exagerado dos recursos do planeta e o crescimento da população humana além das 8 mil milhões de pessoas, se este acordo se conseguir implementar poderá significar grandes mudanças na agricultura, nas cadeias de abastecimento das empresas e no papel das comunidades indígenas na conservação.

Segundo a diretora executiva do Fundo das Nações Unidas para o Ambiente (UNEP) Inger Anderson, este acordo é um “primeiro passo no restabelecimento da nossa relação com a natureza”.

Em décadas passadas, os governos nunca conseguiram atingir as metas estabelecidas sobre a natureza, por isso, o acordo Kunming-Montreal pode significar o ponto de viragem e um grande estímulo para mudar os anos de fracasso, apatia e destruição ambiental.


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