COVID-19: o que esperar?

A 30 de janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a nova mutação do coronavírus (COVID-19) como Emergência de Saúde Pública Internacional (ESPI)… Mas o que é que isto significa? Quais são os sintomas? Quais as medidas de prevenção? Saiba mais neste artigo.

O que é o coronavírus?

O coronavírus faz parte de uma grande família de vírus que podem ser encontrados em animais e humanos e que podem causar infeções que vão desde a gripe comum até a casos mais graves, como a pneumonia.

Os sintomas variam entre congestão nasal, dor de garganta, tosse e febre — e, em casos mais graves, pode levar a pneumonia e a dificuldades respiratórias. Raramente a doença se torna fatal, mas existem grupos que estão mais vulneráveis aos efeitos mais nocivos deste vírus, especialmente idosos e pessoas com condições médicas pré-existentes (tais como diabetes e doenças cardiológicas).

A nova estirpe deste vírus, a COVID-19, foi detetada pela primeira vez em Wuhan, na China, a 31 de dezembro de 2019. A 10 de fevereiro, na China, confirmavam-se já 40.171 casos e 908 mortes e pelo menos 25 países já confirmavam casos desta epidemia.

Segundo a OMS, é provável que a origem das primeiras infeções em humanos do COVID-19 seja animal, proveniente de um mercado de animais vivos.

Prevenção

Homem com máscara visita um museu. Créditos: Unsplash
O coronavírus já foi identificado em 25 países. A seguir à China, o Japão é o país que apresenta um maior número de casos: 45. Créditos: Unsplash

Apesar de ainda não se ter confirmado a fonte animal exata desta nova estirpe do coronavírus, não é provável que o COVID-19 se propague através do contacto com animais. Várias formas do coronavírus são encontradas em animais, mas apenas algumas transitam para os humanos. Para se proteger, ao visitar mercados de animais vivos, evite o contacto direto com os animais e com superfícies em contacto com animais.

O consumo de produtos animais (carne, leite, ovos ou órgãos de animais) crus ou mal cozinhados deve ser evitado ou tratado com cuidado, de modo a evitar contaminação cruzada.

Dado que este vírus respiratório se propaga primordialmente pelo contacto com pessoas infetadas, a prevenção é fundamental. Para além de recomendar que esteja a par das últimas informações acerca do surto, a OMS recomenda ainda:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou desinfetante à base de álcool, mesmo que as suas mãos não pareçam visivelmente sujas;
  • Manter a distância — de pelo menos um metro — para com outras pessoas, particularmente aquelas que apresentem sintomas como tosse, espirros e febre;
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca;
  • Se tiver febre, tosse ou dificuldade em respirar, consulte um médico rapidamente. Informe também o seu médico caso tenha viajado para uma área na China onde o COVID-19 tenha sido detetado, ou caso tenha estado em contacto com alguém que tenha estado na China e apresente sintomas respiratórios;
  • Se apresentar sintomas respiratórios e não tiver qualquer histórico de viagens de ou para a China, aplique as regras básicas de higiene respiratória e das mãos, e fique em casa até se sentir completamente recuperado, se possível;
  • Sempre que espirrar ou tossir, tape a boca com o antebraço ou com um lenço de papel, que deverá deitar fora imediatamente, de preferência para dentro de um caixote fechado.

Uso de máscaras e antibióticos

No que diz respeito ao uso de máscaras, a OMS reconhece que o uso das mesmas pode ajudar a limitar a propagação de algumas doenças respiratórias. No entanto, a sua eficácia não é garantida, e esta deve ser combinada com algumas das medidas preventivas mencionadas acima. É ainda recomendado que o uso destas máscaras seja feito de forma racional, sendo que apenas o deverá fazer se apresentar sintomas respiratórios (tosse ou espirros), estiver sob suspeita de ter contraído o vírus COVID-19 ou se estiver a cuidar de alguém que esteja sob suspeita.

Enfermeira cuida de bebé na Serra Leoa. Créditos: Unsplash
Enfermeira cuida de bebé na Serra Leoa. Um dos maiores receios da OMS é que o vírus se propague ao continente africano, que não tem infraestruturas de saúde suficientemente resilientes para dar uma resposta rápida e eficaz. Créditos: Unsplash

Apesar de ainda não existirem medicamentos nem vacinas para prevenir ou tratar o novo coronavírus, a OMS confirma que vários estão a ser testados. A OMS adverte ainda para o facto de os antibióticos não resultarem contra vírus e, como tal, não devem ser utilizados como meio de prevenção ou tratamento.

Assim, é primordial que os indivíduos infetados com o COVID-19 recebam tratamento médico adequado e rápido para aliviar e tratar os sintomas.

Semelhanças com a gripe comum, constipações e o SARS

As pessoas infetadas com o COVID-19, gripe ou constipação desenvolvem geralmente sintomas como febre, tosse ou congestão nasal. Apesar dos sintomas serem semelhantes, são causados por diferentes vírus, o que torna difícil identificar a doença apenas com base nos sintomas. Como tal, são necessários testes laboratoriais para confirmar se um indivíduo foi infetado com esta nova estirpe do coronavírus — pelo que é aconselhável que visite o seu médico caso apresente algum destes sintomas.

Devido às suas semelhanças, esta epidemia tem vindo ainda a ser comparada ao surto do Síndrome Respiratório Agudo Grave (SARS-CoV), que faz parte da mesma família de vírus. Segundo a OMS, esta estirpe de coronavírus, identificada em 2002-2003, afetou 26 países e resultou em mais de 8.000 casos e mais de 700 mortes. Acredita-se que também teve origem animal e na China, mas alguns dos sintomas eram bastante diferentes daqueles observados no COVID-19. Para além de febre, tosse e dificuldades respiratórias, os indivíduos infetados com SARS experienciavam ainda mal-estar, dores musculares e de cabeça, diarreia e arrepios. Apesar de tudo, os especialistas consideram que o novo coronavírus, apesar de mais infeccioso que o SARS, é menos grave.

Emergência de Saúde Pública Internacional: o que significa?

A 30 de janeiro, a OMS declarou o COVID-19 Emergência de Saúde Pública Internacional (ESPI).

Esta decisão permite à OMS recomendar restrições de viagens e/ou trocas comerciais (algo a que, de momento, se opõe) e poderá ainda mobilizar um maior financiamento e recursos para o estudo e erradicação desta epidemia.

Apesar da OMS elogiar e confiar nos esforços chineses para a contenção deste vírus, esta declaração surge maioritariamente pela necessidade da adoção de medidas de prevenção e coordenação à escala mundial entre o setor público e privado. Estas medidas são particularmente importantes para países subdesenvolvidos, cujos sistemas e infra-estruturas de saúde não estão preparados para este tipo de surtos, podendo infetar e causar a morte a milhares de pessoas.

Qual a diferença entre pandemia, epidemia e ESPI?

Esta foi a sexta vez que a OMS declarou uma ESPI. Mas qual é a diferença entre todos estes termos — nomeadamente pandemia, epidemia e ESPI?

Uma pandemia ocorre quando uma nova doença se espalha a nível mundial. Uma gripe recebe o estatuto de pandémica quando um novo vírus infeccioso emerge e se espalha por todo o mundo e quando a maioria das pessoas não lhe é imune. No passado, os vírus que causaram pandemias provinham sobretudo de vírus de gripe animal — como é o caso do vírus H1N1, também conhecido como gripe das aves ou gripe A. Nos últimos dez anos, esta gripe foi a única a receber a designação de pandemia pela OMS.

Uma mulher atravessa um galinheiro numa quinta, na Colômbia. Créditos: Banco Mundial
Galinheiro em San Nicolas, na Colômbia. Segundo um estudo publicado na revista científica PLoS One, a gripe das aves terá contaminado entre 11% a 21% da população mundial. Créditos: Banco Mundial

Já uma epidemia é uma ocorrência mais local. Esta ocorre quando se verificam, numa comunidade ou região, casos em excesso de uma doença, comportamento específico ou outros acontecimentos relacionados com saúde (quando comparados com situações de normalidade). A comunidade ou região e o período em que estes casos ocorrem são especificados com precisão. O número de casos que indicam a presença de uma epidemia variam de acordo com o agente, o tamanho e o tipo de população exposta, experiências anteriores ou falta de exposição à doença, bem como a data e o sítio da ocorrência. Neste momento, a estirpe COVID-19 do coronavírus é considerada uma epidemia.

Por sua vez, uma Emergência de Saúde Pública Internacional (ESPI) é uma situação que é declarada pela OMS quando se verificam acontecimentos extraordinários do foro da saúde pública que podem constituir um problema para outros países. Como tal, estes acontecimentos requerem respostas coordenadas a nível internacional. Uma ESPI é utilizada para que se possam travar situações que correm o risco de se tornarem mais graves, ao nível pandémico. Na última década, o primeiro grande alerta de ESPI deu-se em 2009, por causa da pandemia do vírus H1N1. A este seguiram-se os vírus Ébola (2013 e declarado como erradicado em 2016), Pólio (2014), Zika (2016) e, mais recentemente, o coronavírus COVID-19.

Por último, é ainda importante relembrar que o “vírus” mais perigoso é mesmo a desinformação. Informar-se corretamente sobre todas as medidas preventivas e esforços levados a cabo para combater esta doença são fundamentais para combater o novo coronavírus.

ONU News