ONU presta tributo a trabalhadores humanitários

Neste Dia Mundial Humanitário, que se assinala a 19 de agosto, as Nações Unidas homenageiam todos os trabalhadores humanitários, que fazem um esforço extraordinário, em tempos extraordinários, para ajudar mulheres, homens e crianças cujas vidas foram afetadas por crises e pela pandemia global da Covid-19.

De acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação Humanitária (OCHA), 2019 foi o ano mais violento de sempre para os trabalhadores humanitários, com o número de ataques a superar todos os anos anteriores.

Em 2019, um total de 483 trabalhadores humanitários foram atacados, 125 mortos, 234 feridos e 124 sequestrados em 277 incidentes registados. Trata-se de um aumento de 18% no número de vítimas quando comparado com 2018.

O Dia Mundial Humanitário foi designado pela Assembleia geral da ONU, há onze anos, depois de a 19 de agosto de 2003 um ataque ao complexo da ONU em Bagdade, ter vitimado 22 pessoas, incluindo o representante especial do secretário-geral para o Iraque, o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello. Desde então, quase 5 mil trabalhadores humanitários foram mortos, feridos ou sequestrados, e durante a década de 2010-2019 assistiu-se a um aumento de 117% nos ataques em comparação a década anterior.

Este ano, para homenagear os esforços dos trabalhadores humanitários, o OCHA e os seus parceiros apresentam as histórias pessoais de alguns dos #RealLifeHeroes que estão no terreno, especialmente os trabalhadores humanitários locais, pode ler as suas histórias inspiradoras aqui.

Esta campanha é um agradecimento aos trabalhadores humanitários que continuam a salvar e proteger vidas, apesar dos conflitos, insegurança e riscos associados à covid-19. A campanha apresenta histórias pessoais de 17 humanitários, muitos deles de países em crise.

Desde o início do surto da covid-19, há relatos preocupantes de incidentes contra trabalhadores e instalações, incluindo ameaças e atos de violência frequentemente alimentados por desinformação e medo. Há registo de centros de saúde destruídos e queimados, equipamentos médicos essenciais vandalizados e protestos contra as autoridades de saúde quanto à falta de equipamento. Também há relatos de incidentes de atitudes hostis ligada à estigmatização e perceção de estrangeiros como agentes de infeção da Covid-19.

Ainda segundo o OCHA, as operações humanitárias no Mali, Moçambique, Líbia, Nigéria e Iémen estão a relatar ataques em campos de deslocados, hospitais e escolas. Esses ataques ameaçam a segurança de milhões e aumentam as necessidades humanitárias. A insegurança também está a aumentar em áreas onde a violência e a insegurança não eram até agora uma grande preocupação, como nos Camarões, no Iraque, no Níger, no Sudão do Sul e no Iémen.

Os trabalhadores humanitários continuam a trabalhar para prevenir, conter e tratar a covid-19 e a dar andamento às operações humanitárias, apesar das restrições de acesso e insegurança sem precedentes, e com as necessidades a ultrapassarem os fundos disponíveis.

Apesar destes desafios, o sistema humanitário foi rápido na sua resposta e providenciou 123.430 testes a países com Planos de Resposta Humanitária, estando ainda prevista a entrega de mais um milhão de testes e de cerca de 5,9 milhões de peças de equipamentos de proteção individual.

A ONU estima que mais de 23 milhões de pessoas deslocadas receberam assistência, os serviços de apoio à violência baseada no género foram mantidos ou expandidos em mais de 25 países, mais de 18 milhões de pessoas receberam cuidados de saúde essenciais, pelo menos 36 milhões de pessoas receberam água potável, produtos de higiene e cerca de 93,6 milhões de crianças e jovens foram apoiados com ensino à distância.

O trabalho humanitário da ONU em 2019

O impacto conjunto de conflitos prolongados, choques climáticos e a pandemia Covid-19 elevaram as necessidades humanitárias a níveis sem precedentes, com mais de 166 milhões de pessoas a necessitarem agora de assistência.

Segundo o relatório do secretário-geral sobre o trabalho da ONU em 2019, publicado recentemente, o número de pessoas deslocadas aumentou novamente para níveis recordes, com 79,5 milhões deslocados por conflito, violência e perseguição. As oito piores crises alimentares do mundo estiveram todas ligadas a conflitos e a choques climáticos. Para milhões de pessoas, a exposição a esses riscos múltiplos diminuiu a sua resiliência e aumentou a probabilidade de uma crise humanitária.

As Nações Unidas trabalham para garantir respostas humanitárias coerentes, coordenadas, eficazes e oportunas para salvar vidas e aliviar o sofrimento humano em desastres naturais e emergências complexas.

Em 2019, a ONU trabalhou com parceiros para mobilizar mais de 18 mil milhões de dólares em contribuições para assistência que salvou a vida a mais de 117 milhões de pessoas.

ONU News