PNUMA aos 50 anos: 2022 em modo de emergência

Com o início do novo ano, o mundo continua a enfrentar uma série de desafios: a contínua pandemia da covid-19, os incêndios florestais ressurgentes, as crises persistentes devido às alterações climáticas, a perda de biodiversidade, a poluição e o desperdício alimentar. No entanto, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) acredita que 2022 poderá revelar-se um ano fundamental para o ambiente, com eventos e conferências de alto níveis agendados e dos quais se espera que consiga revitalizar a cooperação internacional e a ação colectiva.

Este ano também contará com dois aniversários importantes para o PNUMA. Em 1972, o mundo reconheceu a importância de proteger o ambiente na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo. O encontro histórico colocou firmemente a proteção do meio ambiente na lista de prioridades dos governos, sociedade civil, empresas e decisores políticos, reconhecendo a interdependência entre o planeta, o bem-estar humano e o crescimento económico. Cinquenta anos mais tarde, a reunião de Estocolmo +50, marcada para Junho de 2022, irá comemorar este aniversário e procurará reflectir sobre o meio século de ação ambiental global e as perspetivas futuras.

Gustavo Barreiro/WMO

A Conferência de Estocolmo também deu origem ao PNUMA, a entidade da ONU mandatada para monitorizar o estado do meio ambiente, ajudar a formulação de políticas baseadas em dados científicos, tal como galvanizar a ação ambiental. Desde então que o PNUMA tem utilizado o seu poder e as investigações científica para coordenar o esforço global para enfrentar os desafios proporcionados pelas alterações climáticas.

O PNUMA quer entrar em 2022 com uma nova “Estratégia a Médio Prazo” com sete subprogramas de ação interligados: Ação do Clima, Ação da Poluição, Ação da Natureza, Política Científica, Governação Ambiental, Transformações Económicas e Financeiras e Transformações Digitais. A estratégia foi acordada na quinta sessão da Assembleia do Ambiente da ONU em 2021. Em 2022, a sessão desta assembleia terá lugar em Fevereiro de 2022 e sob o tema de “Reforçar as Ações da Natureza para Alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável”, os debates salientarão o papel central da natureza no desenvolvimento sustentável social, económico e ambiental.

Anna Omelchenko/WMO

Junho será um mês agitado no calendário ambiental. No dia 5, o mundo reunir-se-á para celebrar o Dia Mundial do Ambiente. Liderado pelo PNUMA e celebrado anualmente desde 1974, o este Dia Mundial tem vindo a desenvolver-se até se tornar na maior plataforma global de divulgação de ações ambientais, com milhões de pessoas empenhadas em proteger o planeta. O evento deste ano será organizado pela Suécia, seguindo o lema da campanha “Uma Só Terra”, que enfatizará como viver de forma sustentável e em harmonia com a natureza.

Embora esta lista de acontecimentos relacionados com o ambiente seja uma prova do que pode ser alcançado através de ações multilaterais, a ciência por detrás da degradação ambiental continua a ser irrefutável. Os padrões insustentáveis de consumo e de produção estão a alimentar uma crise tripla a nível mundial através das alterações climáticas, da perda de espaços naturais e de biodiversidade, e da poluição e do desperdício alimentar e de outros produtos. O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu para esta ameaça existencial da humanidade, considerando-a a mais importante no contexto atual.

Vários dos acontecimentos a nível mundial marcados para 2022 visam encorajar o diálogo e influenciar as decisões políticas para enfrentar esta crise climática, incluindo um quadro global de biodiversidade pós-2020, que será adoptado em Maio na COP15, que poderá evitar a extinção de mais de um milhão de espécies, e a Conferência dos Oceanos da ONU em Julho, que procura proteger um dos nossos ecossistemas mais vitais – o oceano, e que terá lugar em Lisboa.

Elizaveta Solomatina/WMO

No ano passado, o secretário-geral das Nações Unidas relembrou-nos de que “estamos realmente numa encruzilhada, com escolhas importantes à nossa frente”, que nos poderão conduzir a qualquer direção: “colapso e uma crise perpétua ou a perspetiva de um futuro mais verde, mais seguro e melhor para todos”.

Os especialistas esperam que 2022 seja um ano de descobertas para o ambiente e para fazer parte da comemoração do meio século do PNUMA, consulte o calendário de atividades planeadas aqui.


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