Presidente da República: “Estamos a viver talvez a semana mais difícil do ano”

O presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, falou com a ONU News sobre os mais de 170 incêndios que lavram de norte a sul de Portugal, comentando que “estamos a viver talvez a semana mais difícil do ano.” De acordo com o chefe de Estado, os fogos florestais e a crise energética causada pela guerra na Europa solidificam a necessidade da transição para as energias renováveis.  

Cada um “deve fazer a sua parte”, argumenta o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, ao falar sobre os incêndios florestais que levaram à declaração do estado de contingência em Portugal. O presidente, que cancelou a sua viagem a Nova Iorque, onde iria falar no Fórum Político de Alto Nível do Conselho Económico e Social da ONU, enfatizou o papel da negligência nestes incêndios. Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou a necessidade da “punição, prevenção e dissuasão” da atividade criminosa que leva aos fogos e seguidamente mencionou que é necessário uma “diligência pessoal e coletiva” e a evitação de atividades negligentes como o uso indevido de máquinas agrícolas, piqueniques, e “atividades lúdicas com fogo na floresta.” 

Portugal & alterações climáticas  

@REUTERS/Rodrigo Antunes.Um helicóptero de combate a incêndios trabalha para conter um incêndio florestal em Leiria, Portugal.

O presidente de República comentou que os eventos extremos, como os atuais fogos florestais revelam “a força esmagadora da mudança climática e sua frequência, que nos obrigam a pensar no que se pode fazer melhor.” Lembrando que o país acabou de acolher a Conferência dos Oceanos, realizada em Lisboa, Marcelo revelou que Portugal pretende “proteger 30% de todo o seu mar antes de 2030”, “proíbe a exploração petrolífera na sua zona económica exclusiva” e está a criar novas reservas marítimas “nos Açores, na Madeira e no meio do Atlântico.” Felizmente, indica Marcelo, em Portugal 60% da eletricidade provém de energias renováveis.  

Olhando para o futuro, Marcelo apela ao “financiamento contra a poluição dos oceanos” e pede às instituições internacionais, aos parceiros privados e públicos e às fundações que reforcem os seus compromissos à economia azul antes da próxima Conferência dos Oceanos que será promovida pela França e a Costa Rica.  

“A guerra, mais do que a pandemia, criou um problema que é uma oportunidade, que é substituir as fontes de energia” indica Marcelo, defendendo que os países europeus que dependem fortemente do gás e do petróleo russo (ao contrário de Portugal que depende muito menos nos combustíveis fósseis e cuja fonte principal de gás é a Nigéria) devem focar-se na transição para as energias renováveis para evitar a dependência energética. 

Igualdade de Género 

@ONU/Manuel Elias.
Ana Paula Zacarias, representante de Portugal nas Nações Unidas.

Infelizmente, a pandemia e a guerra na Europa afetaram negativamente vários ODSs. A pandemia, afirma o chefe de Estado, aumentou a pobreza, a desigualdade de género, e feriu os sistemas de saúde. Apesar de Portugal ter um governo paritário, e uma nova embaixadora portuguesa nas Nações Unidas, Ana Paula Zacarias, Marcelo defende que ainda temos “um grande problema no panorama empresarial”. O presidente argumenta que, apesar de ainda haver um défice nos lugares de topo político, nos lugares de topo empresarias este défice “é muito acentuado.” Na “banca”, nos “seguros” e nos “setores chaves da economia” são precisas mais mulheres, e mais mulheres em posições de liderança.   


Direito Internacional e Justiça

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