Secretário-geral da ONU recebe prémio da Universidade de Lisboa 

Foto: Carla Pires. O evento foi apresentado por Catarina Furtado, Embaixadora da Boa-Vontade do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA)

António Guterres foi distinguido com o prémio Universidade de Lisboa 2020, entregue apenas agora em 2023 devido à situação da pandemia. O valor de 25 mil euros será doado ao Conselho Português de Refugiados.  

No seu discurso saudou a abertura que tanto Portugal como os países europeus tiveram para com os refugiados ucranianos. Contudo, não deixou de criticar o facto de esta abordagem não ter sido adotada aquando de outras crises: “não pode deixar de nos fazer refletir por que é que a Europa recebe os refugiados ucranianos e tantos países europeus foram tão reticentes em receber refugiados sírios e africanos”. 

O secretário-geral abordou também a questão das alterações climáticas, uma luta “que estamos a perder”. Alertando para a possibilidade que ainda existe de limitar o aquecimento global a 1,5º, lamentou a falta de ação, vontade e de “consciência política”. Evidenciou a necessidade de justiça climática, dado que os países que mais sofrem com as consequências das alterações climáticas são os que menos contribuem – colocando assim o ónus nos grandes países emissores. 

Guterres dedicou este prémio aos vários funcionários da ONU, que enfrentam condições de trabalho muito difíceis, mas também essenciais. Assim, exaltou o trabalho dos capacetes azuis, evidenciando a importância das missões de paz da ONU.  

Considerando o atual contexto do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, o líder da ONU pronunciou-se ainda sobre o cessar-fogo, afirmando ser uma ação positiva, porém insuficiente para potenciar uma solução duradoura. Guterres afirmou que “neste momento, as condições ainda não estão criadas para uma solução de paz efetiva no imediato” sublinhando a esperança que tem na criação de uma “solução de paz baseada na Carta das Nações Unidas e no direito internacional”.  

Terminou com um apelo à não resignação face às condições pelas quais o mundo está a passar, alertando para não aceitarmos que situações de conflito se tornem o novo normal. Prometeu ainda “lutar pela paz, lutar pelo fim ou redução das desigualdades, reafirmação dos direitos humanos e igualdade de género, e travar esta luta louca que temos vindo a ter com a natureza”.