Subsecretários-gerais da ONU apelam ao fim do racismo sistémico

Vinte líderes africanos seniores das Nações Unidas assinam uma reflexão sobre a necessidade de se intensificar a luta contra o racismo em todo o mundo.

Num artigo conjunto, os subsecretários-gerais da ONU com ascendência africana começam por mostrar a sua indignação pelo assassinato de George Floyd nas mãos da polícia, que evidencia o racismo que “continua a ser generalizado” tanto no país anfitrião da ONU, como em todo o mundo.

Os responsáveis consideram que é insuficiente condenar expressões e atos de racismo, defendendo que é necessário “fazer mais” e que “as vidas das pessoas negras mais do que importam, são essenciais para o cumprimento da nossa dignidade humana comum.” Por isso, é agora hora de passar “das palavras às ações” e lutar pelas vítimas de discriminação racial e de brutalidade policial e desmantelar instituições racistas.

Estes líderes no sistema multilateral sublinham que lhes cabe “falar por aqueles cujas vozes foram silenciadas e advogar por respostas efetivas que combatam o racismo sistémico, um flagelo global que se perpetuou ao longo dos séculos.”

A morte chocante de George Floyd está enraizada num conjunto de questões mais amplo que não desaparecerá se as ignorarmos e, neste contexto, as Nações Unidas vão intensificar os seus esforços para ajudar a acabar com o racismo sistémico contra pessoas de ascendência africana e outras minorias “na promoção e incentivo ao respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, idioma ou religião ”, conforme estipulado no Artigo 1 da Carta das Nações Unidas.

Os signatários desta mensagem recordam a Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial (ICERD) que entrou em vigor em 1969, um momento crucial na história, que contribuiu para o colapso do apartheid na África do Sul.

Nesta nova era, as Nações Unidas devem, da mesma maneira, usar a sua influência para erradicar o racismo e ajudar a comunidade internacional a remover a mancha do racismo na humanidade. Os líderes da ONU saúdam ainda as iniciativas do secretário-geral para fortalecer o discurso contra o racismo e reiteram o seu compromisso de, enquanto funcionários internacionais, se manifestarem contra a opressão e de promoverem, no âmbito dos seus mandatos, as mudanças estruturais que devem ser implementadas para acabar com o racismo.

Quase 500 anos após o início do revoltante comércio transatlântico de africanos, os signatários desta mensagem comprometem-se a usar a sua voz coletiva e garantem que “as Nações Unidas exercerão o seu poder moral como instituição para efetuar mudanças globais.”

Os representantes da ONU terminam a sua mensagem evocando as palavras de alguns dos que lideraram a luta contra o racismo, como Nelson Mandela: “Negar às pessoas os seus direitos humanos é desafiar a sua própria humanidade.”

ONU News