Teletrabalho: covid-19 anuncia revolução no mercado do trabalho

Centenas de milhares de trabalhadores na Europa, e em todo o mundo, descobriram o teletrabalho durante a pandemia da covid-19. Esta experiência, que ocorre em circunstâncias excepcionais, “mudará o jogo por muito tempo”, considera o especialista em condições de trabalho da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Jon Messenger.

“Há anos que digo que o teletrabalho é o futuro. Com o confinamento, impôs-se brutalmente e muitos casos sem preparação e, apesar de tudo, vemos que funciona!“, explica Messenger que é também autor de vários estudos sobre teletrabalho.

Para o especialista, não há dúvida de que o teletrabalho “forçado” ajudará a “quebrar a resistência” existente em organizações e empresas para permitir o trabalho fora do escritório.
“A maior barreira, a resistência à generalização do teletrabalho, quando é possível, é claro, vem dos gestores. Tem que haver uma mudança real na cultura da organização ou da empresa, na maneira de supervisionar “, explica Jon Messenger.

Apoio e confiança
“Alguns gestores confiam na presença, no número de cadeiras ocupadas no escritório, mas o simples facto do trabalhador estar lá não é um critério para medir resultados. Devemos abandonar a política do “estar presente” e ter claro quais são os objetivos e como se medem resultados”, continua.
Para este especialista, há duas palavras-chave: apoio, que a a equipa diretiva deve dar aos trabalhadores, e confiança. “O apoio é a chave e a confiança é o cimento do teletrabalho. Isso é importante entre supervisores e funcionários, funcionários e supervisores e também entre membros da mesma equipa”, afirmou.
O sucesso do trabalho remoto também está na preparação, observa Jon Messenger, que em breve publicará um guia para ajudar as empresas e os funcionários.

“Enquanto as empresas e os funcionários precisavam de se adaptar ao teletrabalho no “modo de crise”, parecia que o primeiro desafio era garantir a conectividade e toda a gente tem as ferramentas necessárias para o teletrabalho e sabe fazê-lo”, explica ainda o especialista.

Para Menssenger, os trabalhadores devem ter a oportunidade de trabalhar nos horários e locais que melhor lhes convier, para que possam ser o mais produtivos possível. No entanto, é preciso ter cuidado para manter um equilíbrio entre o trabalho e a vida privada. “A vantagem do teletrabalho está na sua grande flexibilidade, mas é necessário saber como desligar”.

Aprenda a desligar
“Ao contrário da crença popular de que o teletrabalho diminui a produtividade, percebemos que as pessoas tendem a trabalhar mais quando estão à distância, principalmente porque economizam tempo de viagem e porque querem mostram que eles são tão eficazes quanto no escritório ”, considera o especilaitsa.
O conselho é aprender a desligar. Saiba como limitar o espaço e o tempo entre o trabalho e a vida privada. “O ideal é ter um lugar, um escritório ou um canto de uma sala, dedicado ao trabalho. E para se disciplinar, sabendo como desligar o computador e não olhar para seus emails quando o tempo de trabalho terminar ”, diz Jon Messenger.
Flexibilidade
“Trabalhar mais perto de casa, ou onde quiser, como em espaços de trabalho partilhados, também se desenvolverá”, disse Jon Messenger, co-autor de um estudo intitulado “Trabalhar a qualquer hora, em qualquer lugar” para a União Europeia.
A redução do tempo de viagem não reduz apenas a pegada de carbono, mas também o stress associado ao transporte.

Este especialista da OIT estima que o ideal são de dois a três dias no máximo de teletrabalho por semana, para que o trabalhador não fique muito desligado da equipa. 

“Também existem pessoas que são mais independentes, que se adaptam muito bem ao trabalho remoto e são ainda mais eficientes. A chave é a flexibilidade, fazendo com que todos se sintam confortáveis ​​e nas melhores condições para executar as tarefas atribuídas”, conclui.


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