Ucrânia: ONU pede reforço do financiamento para ajuda humanitária

O número de refugiados que saíram da Ucrânia ultrapassou já a marca dos cinco milhões. Dentro do país, sete milhões de pessoas estão deslocadas. No total, são quase 13 milhões de pessoas que se viram forçadas a saírem das suas casas. Trata-se da crise de fuga mais rápida desde a Segunda Guerra Mundial.

Perante a escalada dos números, as Nações Unidas reforçaram o seu apelo de ajuda humanitária para 2,25 mil milhões de dólares para a assistência e proteção de quase nove milhões de pessoas, mais do dobro do valor que estaria inicialmente previsto.

Segundo o relatório “Flash Appeal”, o plano de resposta humanitária do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), “passados dois meses, as necessidades continuam a crescer, e estando a ajuda humanitária a aumentar significativamente em escala e alcance, é necessária a revisão e a extensão do apelo à ajuda na Ucrânia até agosto de 2022”.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, voltou a pedir um cessar-fogo, demonstrando a sua “profunda preocupação com os ataques contínuos a cidades Ucranianas, que resultam em baixas civis e na destruição de áreas residenciais”.

Num contexto de bombardeamentos e ataques, as agências das Nações Unidas continuam a mobilizar-se, num esforço para ajudar as pessoas necessitadas e os mais vulneráveis.

Existe um esforço de cooperação entre agências – a Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Alimentar Mundial (PAM), a Organização Mundial de Saúde (OMS) – que juntas têm conseguido levar assistência, alimentos, bens essenciais e material de apoio a pessoas e a instituições.

A abertura de corredores humanitários tem sido uma das prioridades das agências da ONU, que têm conseguido chegar a locais que dantes estavam inacessíveis.

© UNICEF/Tom Remp

Apoio aos refugiados

O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tem vindo a entregar bens-essenciais de socorro, como mantas e cobertores, tapetes para dormir e abrigos de emergência.

Há também serviços especializados no sentido de disponibilizar ajuda particular a crianças que viajam sozinhas ou a pessoas portadoras de deficiência.

Esta agência da ONU tem prestado auxílio nas fronteiras e nos países que acolhem pessoas que estão a fugir do conflito, tendo peritos de emergência, reservas de material essencial e comboios para transportar as pessoas que estão deslocadas internamente.

As pessoas podem pedir apoio nos centros de receção, que ajudam a identificar situações e a prestar cuidados, fornecem materiais informativos e criam linhas de apoio.

Os “Pontos Azuis”, espaços de proteção para crianças, famílias e pessoas com necessidades específicas, criados pelo ACNUR e pela UNICEF, trabalham com as autoridades locais, com os governos e com os serviços já existentes, apoiam na receção dos refugiados e na assistência financeira aos países vizinhos da Ucrânia.

A UNICEF tem focado a sua ação nas necessidades de saúde, educação e proteção das crianças e de mães. Tem entregado fraldas para bebés, kits de saúde materna, desinfetantes e água engarrafada.

Existem kits de desenvolvimento infantil e com material escolar, especialmente em áreas com grande concentração de famílias deslocadas, para permitir que as crianças continuem, na medida do possível, a aprender e a estudar.

A agência também assegura serviços de proteção, de apoio à saúde mental e de cuidados psicossociais.

© UNICEF/Kate Klochko

Colmatar danos na saúde

A Organização Mundial de Saúde já entregou 218 toneladas métricas de material médico e de emergência à Ucrânia. Desse valor, 132 toneladas métricas já chegaram ao seu destino, nas zonas norte e leste do país. Os dados são adiantados pelo porta-voz da agência, Bhanu Bhatnagar.

Há geradores a diesel que vão ser enviados para hospitais ou unidades de saúde em Kharkiv, Luhansk, Donetsk, Mariupol ou Severodonetsk, onde os ataques estão a perturbar o fornecimento de energia.

A OMS entrega material médico especializado, coordena o destacamento de equipas médicas e trabalha com as autoridades sanitárias para minimizar as interrupções na prestação de serviços de saúde importantes na Ucrânia e em países que acolhem refugiados.

A organização tenta ainda assegurar que os trabalhadores e unidades de saúde sejam protegidos e permaneçam seguros, funcionais e acessíveis a todas as pessoas que necessitem de cuidados médicos.

© UNICEF/Ashley Gilbertson

Crise alimentar

O Programa Alimentar Mundial estima que vai conseguir prestar assistência a seis milhões de pessoas nos próximos três meses, seja com assistência financeira ou com assistência alimentar.

Até ao momento, 1,4 milhões de pessoas já foram ajudadas pelo fundo de emergência desta agência.

Este conflito está a provocar uma crise tridimensional – de alimentação, de energia e nos mercados financeiros – no mundo inteiro, provocando uma subida dos preços e uma escassez de abastecimento, com grande impacto sobre nos países em desenvolvimento. Esta situação poderá fazer com que 323 milhões de pessoas fiquem expostas a níveis elevados de insegurança alimentar. Neste contexto, o PAM, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional pedem que se subsidie os países mais pobres, se facilite o comércio e se invista na alimentação saudável e na segurança nutricional.


Direito Internacional e Justiça

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