Água: um bem cada vez mais escasso 

A crise hídrica é um problema mundial que afeta todas as regiões, mesmo que de formas diferentes. Apesar de em alguns locais se sentir com maior intensidade, as questões associadas à escassez da água são transversais a todas as sociedades. 40% da população mundial é afetada por este problema. 

O acesso à água e ao saneamento é uma condição básica de vida e também um direito humano declarado, por isso, a acessibilidade a este bem deveria ser garantida para toda a gente em todo o mundo. Contudo, não o é: 

  • 2 mil milhões de pessoas utilizam fontes de água potável não seguras; 
  • 3,6 mil milhões de pessoas vivem sem condições de saneamento seguras; 
  • 2,3 mil milhões de pessoas carecem de instalações básicas de lavagem das mãos; 
  • 3 mil milhões de pessoas, na sua maioria de países em desenvolvimento, dependem de água cuja qualidade é desconhecida. 

A pressão sobre os recursos hídricos está a intensificar-se devido ao aumento demográfico, que leva ao uso excessivo, causado pela má gestão, e ao uso industrial cada vez mais intenso, para dar resposta às crescentes necessidades alimentares e domésticas das pessoas. 80% das águas residuais são descartadas sem tratamento. 

 

 

 

 

 

 

 

Também as alterações climáticas e a poluição afetam não só a disponibilidade da água, como a sua qualidade. Estas situações podem dar origem à intensificação de disputas entre comunidades, setores, e até aumentar as tensões entre Estados. Mais de 90% das catástrofes são relacionadas com a água. 

A falta de água para consumo e a falta de saneamento, têm consequências negativas na saúde das populações, dado que afetam a sua alimentação, os seus hábitos de higiene e a sua saúde em geral. Da mesma forma, afeta a capacidade das cidades, indústrias e agriculturas de se governarem e darem respostas às necessidades crescentes. Em Portugal, a agricultura absorve 75% do uso da água.  

A Conferência da Água das Nações Unidas pretende assim chamar à atenção para este assunto, potenciar um espaço de debate para a criação de estratégias que visem ajudar a mitigar os impactos da crise hídrica no mundo e implementar os objetivos internacionais estabelecidos. 

 

 

 

 

 

 

 

Este evento, que decorrerá entre 22 e 24 de março em Nova Iorque, abordará cinco temas principais: 

  1. Água para a Saúde: acesso a água potável, saneamento e higiene 
  2. Água para o Desenvolvimento Sustentável: valorização da água, a relação entre a água-energia-alimentação e o desenvolvimento económico e urbano sustentável 
  3. Água para o Clima, Resiliência e Ambiente: mar, biodiversidade, clima, resiliência e redução do risco de catástrofes 
  4. Água para a Cooperação: cooperação transfronteiriça e internacional no domínio da água, cooperação transetorial e água na Agenda 2030 
  5. Década da Ação da Água: acelerar a implementação dos objetivos da Década, incluindo através do Plano de Ação do secretário-geral da ONU 

Apesar destes desafios, a água apresenta uma grande oportunidade: considerando as interligações entre a água e os outros ODS, este bem pode ser um ponto de alavancagem para uma economia verde, para fortalecer a resiliência climática e conseguir construir um mundo mais sustentável.  


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