Do ponto de vista humanitário, como está o mundo? 

Em 2023, em todo o mundo, cerca de 339 milhões de pessoas necessitarão de ajuda humanitária, ou seja, 1 em cada 23. Isto significa um aumento de 24% face aos 274 milhões de pessoas que precisaram de ajuda humanitária este ano.  

São dados do mais recente relatório do Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), intitulado “Panorama Global Humanitário 2023”, que analisa não só as necessidades humanitárias do ano que passou, mas também as estratégias coletivas postas em prática e os resultados alcançados. Da mesma forma, divulga as projeções futuras, nomeadamente os esforços necessários para dar resposta aos crescentes desafios.  

O investimento necessário para dar resposta às necessidades humanitárias projetadas é de 51.5 mil milhões de dólares, mais 25% do que no ano passado. No total, há dez países que pediram individualmente mais de mil milhões de dólares: Afeganistão, Etiópia, Iémen, Nigéria, República Democrática do Congo, Síria, Somália, Sudão, Sudão do Sul e Ucrânia.   

Este apelo recorde alerta para a velocidade com que as necessidades humanitárias estão a crescer, evidenciando o impacto da inflação, do aumento do preço dos bens e do custo de vida. Os principais fatores que levam a esta aceleração são (infelizmente) bem conhecidos: a crise climática, os conflitos armados, a pobreza extrema, a desigualdade de género, a ausência de cuidados de saúde, os frágeis sistemas de educação e as consequências da covid-19.  

©OCHA/Pierre Peron

Em 2022, a ONU redobrou esforços e com 24 mil milhões de dólares ajudou a fornecer alimentação a 127 milhões de pessoas, serviços de saúde a 5.8 milhões de pessoas, educação a mais de 28 milhões de crianças, abrigo a mais de 6.5 milhões de pessoas, entre outros.  

No entanto, existem tendências mundiais que não dão sinais de abrandar e que intensificarão as necessidades humanitárias de uma forma generalizada: 

  • O deslocamento forçado (refugiados, requerentes de asilo) não está a diminuir 
  • Os conflitos violentos continuam a afetar injustamente inúmeros civis 
  • A maior crise alimentar mundial está a acontecer neste momento 
  • As alterações climáticas são dos fatores mais impactantes na crise humanitária mundial 
  • O objetivo mundial de erradicar a pobreza extrema até 2030 já não é alcançável 
  • A saúde pública mundial não está a melhorar 
  • Iremos demorar quatro gerações (132 anos) a atingir a paridade de género 
  • A educação mundial está em crise devido aos efeitos da covid-19 

“Para as pessoas à beira do abismo, este apelo é uma boia de salvamento. Para a comunidade internacional, é o cumprimento da promessa de não deixar ninguém para trás” afirmou Martin Griffiths, subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, apelando à ação da comunidade internacional para intensificar os esforços humanitários em todo o mundo 


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